Óbidos, uma escapadela para Portugal intocado

Anonim

Óbidos uma escapadela para Portugal intocado

Óbidos, uma escapadela para Portugal intocado

Com seus quase 900 quilômetros de costa atlântica, Escolher uma zona em Portugal para fazer uma escapadela de praia não é nada fácil. Há quem seja tão fiel ao Alagarve e à sua infinidade de serviços que não trocaria o sul da península por nenhuma outra região portuguesa. Outros, por outro lado, afeiçoaram-se tanto à intimidade das restingas alentejanas que não conseguem conceber o descanso a partir do Tejo.

Mas se olharmos um pouco mais para norte, deixando para trás o turbilhão de Lisboa e a sua animada costa e olhando com o canto do olho para Torres Vedras e as suas praias selvagens emolduradas por montanhas, encontramos outro tesouro escondido: Óbidos e as suas praias vizinhas do Rei Cortiço e do Bom Sucesso.

Rua de paralelepípedos e casas brancas com varandas cheias de plantas e decorações em cores vivas em Óbidos.

Um passeio pelas ruas de Óbidos

AS PESSOAS MEDIEVAIS

Muito mais pitoresca do que seria de esperar de uma cidade murada da região Centro de Portugal, Óbidos surpreende com o seu castelo perfeitamente preservado de intramuros, mas também pelo seu labirinto de ruelas decoradas com pórticos manuelinos, buganvílias perfumadas (e gigantescas) e autênticas lojas de artesanato português (se souber olhar para além das lembranças coloridas e clonadas).

Embora seja verdade que no verão caminhar pela movimentada Rua Direita possa ser um pouco incómodo, fora de época explorar esta rua repleta de casas caiadas de branco pintado de azul e ocre pode ser delicioso.

Uma livraria onde os livros dividem espaço com frutas e legumes aqui (Livraria do Mercado Biológico), uma artesã chamada Luisa Nieves que trabalha com barro e molda-o em cestos de vime ali (Oficina do Barro) e uma pequena taberna (Tasca Torta) em que experimente uma dose da tradicional ginjinha por um euro.

Este licor vermelho profundo –feito com cerejas morello, colhidas no oeste de Portugal e fermentado em aguardente com açúcar, água e canela – a sua receita mudou um pouco depois da Festa do Chocolate de Óbidos em 2002, pois alguns comerciantes começaram a misturá-lo com chocolate (outros simplesmente o servem em pequenos copos feitos com ele).

Artesanato em barro típico da região de Óbidos.

Artesanato em barro típico da região de Óbidos.

A área temática medieval junto às muralhas, onde se realizam esta doce festa e muitas outras feiras ao ar livre, chama a atenção pela sua artificialidade. Deve-se lembrar que Óbidos é também uma Aldeia Literária, inscrita na rede de Cidades Criativas da UNESCO, como atesta a sua peculiar Livraria de Santiago, que ocupa a antiga igreja de São Tiago, ou O Homem Literário, o maior hotel literário do mundo que é também restaurante.

Muito mais histórica e marcante, por outro lado, é a varanda barroca com azulejos azuis e brancos de sua monumental Porta da Vila e as pinturas a óleo da famosa artista Josefa de Óbidos, na igreja de Santa Maria.

Coloridas e ornamentadas, as obras deste pintor de origem sevilhana – que importou naturezas-mortas de Espanha – são estudadas nas escolas de arte por conferirem ao barroco português um estilo característico. À frente do seu tempo, Josefa Ayala de Óbidos foi uma mulher emancipada no século XVII (ela conseguiu viver da sua profissão) que foi tachada de ingênua e 'pudica' na arte por 'feminizar' e infantilizar o barroco em Portugal (uma imagem finalmente desacreditada pelos especialistas).

Varanda barroca da Porta da Vila de Óbidos.

Varanda barroca da Porta da Vila de Óbidos.

A LAGOA E AS PRAIAS

A oeste da chamada "aldeia das rainhas de Portugal" (desde o século XIII Óbidos passou a fazer parte do dote recebido pelas princesas europeias que casavam com monarcas portugueses), encontra-se a Lagoa de Óbidos, que em contacto com o Atlântico cria um sistema lagunar de água salgada que já foi um canal marítimo.

Uma vez passada a Aldeia dos Pescadores, onde a lagoa encontra o oceano, encontramos a popular praia da Foz do Arelho numa margem e na outra o tranquilo Bom Sucesso, uma restinga acidentada na zona marítima (é perfeito para a prática de desportos eólicos), muito mais calmo na parte fluvial, onde é preciso antecipar a subida da maré ao colocar a toalha e pensar na hora do pôr-do-sol, para se despedir do sol com as Berlengas fundo sem que nada interrompa suas visualizações.

Mais ao sul começa a extensa praia do Rei Cortiço, mais de dez quilómetros de areal que começam em Óbidos e chegam à praia do Baleal, situada a leste da península de Peniche, onde se pode praticar sufoco, passear pela sua Fortaleza convertida em museu da cidade e provar a sua tradicional caldeirada de marisco no simples mas autêntico restaurante Mira Mar (Av Su Mar 42).

Praia do Bom Sucesso entre o Atlântico e a lagoa de Óbidos.

Praia do Bom Sucesso, entre o Atlântico e a lagoa de Óbidos.

ONDE DORMIR

Como contraponto a tanta tradição, existe nesta região imaculada uma resort exclusivo que se integra à paisagem natural sem alterá-lo, acrescentando um plus contemporâneo mais atraente: 23 arquitetos de renome internacional de prestígio Eles foram responsáveis por dar forma às 601 moradias de luxo que são vendidas (a partir de 300.000€) ou alugadas para períodos de férias (a partir de 800€ por noite, estadia mínima de três noites).

Leva o nome, Bom Sucesso Resort, da praia vizinha e ocupa um imenso terreno de mais de um milhão e meio de metros quadrados. Possui, entre outros serviços, um Campo de golfe de 18 buracos desenhado por Donald Steel, um restaurante de inspiração local (há também a possibilidade de encomendar almoços e jantares na intimidade da villa), um spa com tratamentos de assinatura Comfort Zone e um hotel sustentável de cinco estrelas será inaugurado em breve.

Detalhe de uma villa privada projetada por Alvaro Siza Vieira no Bom Succeso Resort.

Detalhe de uma moradia privada desenhada por Alvaro Siza Vieira, no Bom Succeso Resort.

Até lá, você terá que 'se contentar' com o aluguel de um de seus ARQ Hotel Villas, assinado por Álvaro Siza Vieira, Eduardo Soto Moura ou David Chipperfield. Embora todos sejam regidos por princípios básicos de construção (o telhado deve ser ajardinado, todos são brancos ou de telha, etc.), assim que se olha um pouco mais para o fundo e para a forma, descobre-se peculiaridades arquitetônicas que fornecer uma vantagem para ficar.

Por exemplo, Gonçalo Byrne projetou uma moradia tipo comboio em que os quartos estão ligados uns aos outros (perfeito para famílias com crianças), Manuel Aires Mateus projetou edifícios circulares cuja peculiaridade reside no facto de no interior os ângulos serem retos e a piscina estar no telhado e o talentoso arquitecto português Inês Lobo optou por abraçar a piscina privada, por um lado, com os espaços públicos e, por outro, com os privados.

Piscina privada numa das villas desenhadas por Inês Lobo no Bom Succeso Resort.

Piscina privada numa das villas desenhadas por Inês Lobo, no Bom Succeso Resort.

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