Poemas que fazem você querer viajar

Anonim

Torres del Paine do Lago Peho Chile

Torres del Paine do Lago Pehoé, Chile

DIÁRIO DE UM POETA... - LOLA CRESPO

(Para Fermi Crespo)

A manhã estava desgrenhada

de todas aquelas cores inacabadas

que durou tanto quanto o piscar de uma memória

escrito a giz na calçada da infância.

Quase nos levantamos mais cedo do que os pinheiros

vestir verde

e com o sonho nas costas fizemos um ninho para sempre com os lençóis brancos colados na alma.

"Eles podem não ter trazido o mar ainda",

nos disse, antes de chegarmos à costa

e verifique se o azul

deixou de ser uma incerteza poética

para se tornar o afogamento de todos os males,

ainda sem saber o nome exato das coisas.

De mãos dadas, com poucas palavras,

construímos noites magenta para aves migratórias,

e com os ombros queimados de felicidade

acabamos dormindo a noite,

como água para a memória.

"Quase incolor, as cores

Parecem cristais". Certo?

Vamos Platero...

Olhe para os lírios que cresceram para nós

entre penugem

Incluído em Gramática Malva, Ed. Voces de Tinta.

sardenha

As noites mais saudáveis

VOCÊ PODE MORAR EM NINHOS... - PEDRO SALINAS

Pode viver em ninhos,

como os pássaros gostariam.

Você pode viver em seios

como você quiser

termine as violetas

e amores estranhos.

Você pode viver em chamas

quando um pedaço de papel queima

e não há mais palavras

mas luz brilhante.

Você também pode viver

às vezes vive vidas,

sob os telhados, nas casas,

ou em cata-ventos, como o ar.

mas nós vivemos

um dia felicidade sem ninhos,

sem telhados e sem cata-ventos.

Vivendo o

na cor verde,

na cor verde nas rodas.

Charco de los Clicos ou Charco verde

Charco de los Clicos ou Charco Verde (Lanzarote, Ilhas Canárias)

PEGUE O TREM 'A' - BEN CLARK

Vamos viajar imenso até nos machucarmos juntos,

para baixo e para baixo

onde as rochas choram onde o eco

dos gritos não retorna em uma vida,

para a caverna escura do amor,

onde as criaturas se devoram,

onde há musgo que brilha na umidade,

onde as gotas soam, sempre distantes,

onde você não sabe mais o porquê ou o propósito

da descida, vamos viajar

com a primeira ânsia de impérios:

não há mais espaço no céu de concreto;

não há nada do outro lado do oceano,

tudo é uma cidade ou uma ruína.

Então desça comigo para nós,

para o fundo sem fundo que você já sente

Agora neste trem

enquanto você me olha devagar

decidir se você deve revelar seu nome para mim.

De Shackleton's Last Dogs (Sloper Publishing, 2016).

A ferrovia de cremalheira mais longa da Espanha está em Girona

A ferrovia de cremalheira mais longa da Espanha está em Girona

VIAGEM SEM CHEGADA - GLORIA FUERTES

Terra como um leão enjaulado

gira em torno do sol

com sua corrente de homens.

Desde que nascemos viajamos

a cento e doze mil quilômetros por hora.

A Terra não para

e continue dando voltas,

É por isso que há tanto vento

É por isso que sempre há ondas

É por isso que envelhecemos tão rápido

É por isso que somos loucos

porque toda a vida fazendo uma viagem sem chegada

cansa muito os nervos.

Muito poucos cruzam com as ondas de Nazar

Muito poucos atravessam as ondas da Nazaré

FÉ DA VIDA - ANTONIO COLINAS

Espere por este mar (onde as ideias nasceram)

sem nenhuma ideia. (E todos eles também).

Para ser apenas a brisa no topo do grande pinheiro,

o perfume da flor de laranjeira, a noite das orquídeas

nas enseadas esquecidas.

Apenas fique observando o pássaro que passa

e não retorna; Ficar

esperando o céu amarelo

queimar e limpar relâmpagos

Eles chegarão saltando de uma ilha para outra.

Ou olhe para a nuvem branca

que, não sendo nada, parece ser feliz.

Fica flutuando e passando daqui pra lá,

nas ondas que passam,

como um remo perdido.

Ou siga, como os golfinhos,

direção de um tempo sentenciado.

Ser como a hora dos barcos nas noites de janeiro,

que dormem entre narcisos e faróis.

Deixe-me, não com a luz do conhecimento

(que nasceu e ressuscitou deste mar),

mas simplesmente com a luz deste mar.

Ou com suas muitas luzes:

os de ouro iluminado e os de verdura fria.

ou com a luz de todos os azuis.

Mas acima de tudo, deixe-me com a luz branca,

que é aquele que queima e derrota os feridos,

a dias tensos, a ideias como facas.

Ser como uma oliveira ou um lago.

Alguém me segura na mão como um punhado de sal.

Ou de luz.

Feche os olhos no silêncio do aroma

para que o coração —finalmente— possa ver.

Feche meus olhos para que o amor cresça em mim.

Deixe-me compartilhar o silêncio

e a solidão dos alpendres,

a hospitalidade de portas abertas; deixe-me

com a lua cheia dos rouxinóis de junho,

que mantêm o tremor da água nas últimas fontes.

Deixe-me com a liberdade que está perdida

nos lábios de uma mulher.

Praia Berria em Santoña

Praia Berria em Santoña (Cantábria)

GARRAFA AO MAR - MARIO BENEDETTI

Eu coloquei esses seis versos na minha garrafa para o mar

com o desígnio secreto de que um dia chegarei a uma praia quase deserta

e uma criança encontra e descobre

e em vez de versos extrai pedrinhas

e alívio e alertas e caracóis.

Mario Benedetti com sua esposa Luz em 1º de janeiro de 1997 em seu apartamento em Montevidéu

Mario Benedetti com sua esposa Luz em 1º de janeiro de 1997 em seu apartamento em Montevidéu

O INSETO - PABLO NERUDA

Dos quadris aos pés

Eu quero fazer uma longa viagem.

Sou menor que um inseto.

Eu passo por essas colinas, elas são

cor de aveia, tem

pegadas finas

que só eu sei,

centímetros queimados,

perspectivas sombrias.

Aqui é uma montanha.

Eu nunca vou sair disso.

Oh que musgo gigante!

E uma cratera, uma rosa de fogo umedecido!

para baixo de suas pernas

girando uma espiral

dormindo na viagem

e eu venho de joelhos

de dureza redonda

como os tops duros

de um continente claro.

Em direção aos seus pés eu escorrego,

em oito aberturas

de seus dedos afiados,

lento, peninsular,

e deles para o vazio

do lençol branco eu caio,

parecendo cego e faminto

seu esboço de uma panela em chamas!

O Inseto, Os Versos do Capitão (1952)

Pablo Neruda lê um poema no rádio

Pablo Neruda lê um poema no rádio

FLORESTA - ANJO GONZÁLEZ

Você atravessa o crepúsculo.

O ar

você tem que separá-lo quase com as mãos

tão denso, tão impenetrável.

Você anda. não deixe rastros

teus pés. centenas de árvores

prender a respiração em você

cabeça. um pássaro não sabe

que você está lá, e assobia

longo pela paisagem.

O mundo muda de cor: é como o eco

do mundo. eco distante

que você treme, passando

as últimas fronteiras da tarde.

Floresta Casentinesa

Floresta Casentinesa

PASSEIO - JUAN RAMÓN JIMÉNEZ

Caminhando, caminhando.

Eu quero ouvir cada grão

da areia que estou pisando.

andando.

Deixe os cavalos para trás

quero chegar atrasado

(andar, caminhar)

dar minha alma a cada grão

da terra que toco.

Caminhando, caminhando.

Que doce entrada no meu campo,

noite imensa que você está indo para baixo!

andando.

Meu coração já está atrasado;

Eu sou o que está esperando por mim

(andar, caminhar)

e meu pé parece, quente,

que meu coração está beijando.

Caminhando, caminhando.

Eu quero ver os fiéis chorarem

do caminho que estou deixando!

andar andar andar...

Andar, andar, andar...

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