Uma viagem à Dreamland: esta era a Hollywood de ouro, de acordo com Ryan Murphy

Anonim

O elenco de estrelas de Ryan Murphy.

O elenco de estrelas de Ryan Murphy.

Um final feito em Hollywood é o mesmo que dizer “e viveram felizes para sempre”. Em um final feito em Hollywood, os mocinhos vencem e os bandidos perdem. A menina sempre acaba com o menino, o bom. Os culpados são pegos, os inocentes ficam livres. Essa foi a moralidade branca, muito branca, que reinou na Idade de Ouro de Hollywood, a do nascimento das superestrelas, que tinham que ser brancas, heterossexuais e, claro, de uma beleza notável.

Ryan Murphy Cresceu nos anos 70 amando aquela Hollywood, os anos dourados, os anos 30, os anos 40, os anos 50... mas nunca encontrou neles uma referência, um modelo que o representasse como um jovem gay. Hoje, transformado em guru da televisão, pioneiro da televisão diversificada, Murphy produz Hollywood, sua primeira série para a Netflix reinventando aquela amada Hollywood.

“Eu queria fazer uma série sobre história enterrada. E eu queria fazer algo esperançoso e otimista, uma celebração da Hollywood dos anos 1940." explica o criador de sucessos como Glee ou American Horror Story. "Eu queria dar um final feliz para algumas pessoas que tiveram que passar por coisas terríveis em Hollywood."

O H em Hollywood não é silencioso.

O H em Hollywood não é silencioso.

Mas um autêntico final feliz, sem censura retrógrada. Sem limites. Murphy se fez uma grande pergunta:** “Se essas pessoas pudessem ser quem eram nos anos 40 e colocar essa imagem na tela,** isso teria mudado a trajetória de Hollywood e minha vida quando criança? crescendo? nos anos 70 sem referências?

A resposta a essa pergunta é exposta misturando realidade e ficção. Baseia-se, por um lado, naquele posto de gasolina em Hollywood Boulevard onde Scott Bowers (autor do livro Serviço completo, em que sacudiu os lençóis de todas as grandes figuras daqueles anos dourados) administrava serviços e compromissos para estrelas que tinham que esconder suas realidades sexuais. Ele estava procurando meninos para Cole Porter, mulheres para Katharine Hepburn, haréns inteiros para as festas de George Cukor... Aquele posto de gasolina, agora desaparecido, é um dos principais cenários da série Hollywood, Golden Tip é chamado, o empresário Ernie (Dylan McDermott), e é um passaporte de dois lados para Dreamland, terra dos sonhos, a senha para conseguir mais do que gasolina e uma metáfora para os sonhos que clientes e funcionários buscam.

O posto de gasolina que leva você para Dreamland.

O posto de gasolina que leva você para Dreamland.

Na realidade, os funcionários daquele posto de gasolina, aspirantes a estrelas, nunca conseguiram passar do quarto do já consagrado (segundo Bowers). Na série Murphy, essa parede invisível pode ser quebrada.

Um dos funcionários Jack (David Corensweet) ele é um veterano de guerra que chega a Hollywood perseguindo o sonho de tantos. Sua primeira parada? As portas dos estúdios ACE. Na realidade, a mítica porta dos estúdios da Paramount, na Melrose Avenue, em Los Angeles, com mais de 100 anos de história e mil histórias de filmes por trás: Crepúsculo dos Deuses, Os Dez Mandamentos, O Poderoso Chefão, Titanic, Forrest Gump...

Dentro daquele ateliê histórico, que ainda hoje pode ser visitado em visitas guiadas, as estrelas se misturavam com diretores, cabeleireiros, figurões da produção na cantina, na sala de jantar. Um lugar que já desapareceu, mas que Murphy conseguiu reconstruir para sua série usando até mesmo as mesmas cadeiras da cantina original.

Quando te batem com as portas de Hollywood na cara.

Quando te batem com as portas de Hollywood na cara.

Diante das primeiras recusas, Jack acaba entrando em bares, provavelmente no Sunset Boulevard. E só quando alcança o sucesso come onde os maiores nomes de Hollywood comem há 100 anos, em Musso e Frank Grill, a mesmo restaurante este Tarantino usado em seu último filme Era uma vez em Hollywood. Aquelas cabines e mesas de couro vermelho, os garçons com jaquetas vermelhas e gravatas-borboleta, os bifes com vários centímetros de espessura...

E O OSCAR VAI PARA…

Outro dos cenários que Murphy revive e reconstrói em Hollywood é A casa de George Cukor um dos diretores mais importantes daquela Hollywood (Philadelphia Stories, My Fair Lady…), que segundo Scotty Bowers e as fofocas da cidade, ele estava celebrando bacanais de verdade naquela mansão de estilo mediterrâneo em Hollywood Hills, perto da Sunset Strip. Hoje, uma residência particular (foi vendida pela última vez por mais de 5 milhões de dólares), filmaram o exterior em uma mansão em Pasadena e o interior em outra em Beverly Hills.

Musso amp Frank Grill um clássico de ouro ainda em aberto.

Musso & Frank Grill, um clássico de ouro ainda aberto.

Farmácia Schwab, ponto de encontro dos personagens, é também outro local reconstruído pela equipe da série e muito popular na era de ouro do cinema. Uma drogaria? Sim, As farmácias americanas clássicas nasceram como dispensários de remédios, mas também como cafeterias/sorveterias. Esta segunda parte é a que atraiu os trabalhadores dos estúdios próximos. Infelizmente, o Schwab's foi demolido na década de 1980.

E viveram felizes e comeram perdizes, brindando com os Oscars... Na sua reinvenção de Hollywood, Murphy apresenta um Rock Hudson que não esconde sua homossexualidade e uma grande produção escrita por um roteirista negro, estrelado por uma atriz negra, com um asiático no papel coadjuvante (a malfadada e real Anna May Wong). Todos acabam entrando a 20ª cerimônia do Oscar, a de 1948, realizada no Shrine Civic Auditorium, sala de eventos e templo Mason, ainda em funcionamento, que serviu de palco para a premiação daquele ano e durante a década de 90 até ser substituído pelo Dolby Theatre. Em seu salão de estilo mourisco, onde deixam entrar atores e indicados de todas as raças, os protagonistas da série finalmente pisam em Dreamland.

Katie McGuinness interpreta Vivien Leigh.

Katie McGuinness interpreta Vivien Leigh.

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