Viajante, o restaurante nômade

Anonim

Nuno Mendes o chef itinerante

Nuno Mendes, o chef viajante

Comer deve ser um show. Deve ser, especialmente hoje, agora que o cinto sufoca o calendário e May esqueceu as flores no chão das finanças. É por isso que comer deve ser um sonho, uma dança, mil emoções disfarçadas de ninharia e servidas em copos soprados. Deve ser uma ópera que, seguindo a máxima de Cecil B De Mille, “começa como um terremoto e vai subindo”. Quando se trata do coração, mais é sempre mais.

A experiência Viajante Começa no pórtico de um palácio (a entrada do Town Hall Hotel no East End de Londres é maravilhosa) apostando no menor -que muitas vezes é o maior- e orgânico: madeira, cera, essencialidade e silêncio. Uma mesa vazia e o início de um menu difícil de esquecer: vieiras com ervas da costa londrina com um Jousset 'Premier Rendez-vous' do Loire.

Comemos e conversamos. Porquê Viajante, Nuno?

"Viajante sou eu. Nasci e cresci em Portugal e aos 19 anos comecei a viajar pelo mundo e a aprender sobre comida, vida e pessoas. Viajante simboliza também a experiência que oferecemos... Uma viagem pelos sentidos que leva os nossos hóspedes às memórias de lugares distantes e estrangeiros".

E claro que é verdade. Comer também é lembrar . Recordar os lugares, sabores, nuances e emoções que marcaram as páginas das nossas vidas, aquelas viagens que não podemos (não queremos) esquecer. Como o robalo com rabanete japonês e o tranquilo tokay (Pince Kikelet) que o acompanhou. Como o bacalhau com cebola, salsa e batatas servido com um dos vinhos da noite: Au Bon Ciimat 'Wild Boy' Chardonnay de Santa Bárbara. Como tudo (aparentemente) simples.

Prato do Viajante

Quão simples (aparentemente) tudo parece

Muitas coisas funcionam bem em Viajante. O ritmo da sala, o calor, o excelente sommelier, a mão do Nuno acompanhando cada prato (cozinha aberta), a harmonia do que se come e se bebe, a torrente de sabores; que não cansa, que não cansa, que não torna a experiência cansativa (uma sensação, a de exaustão, talvez muito presente na alta cozinha de hoje). Vamos continuar com os sim. O papel absoluto do mar (e do seu universo) em cada prato. As ervas, plantas e especiarias (funcho, coentro, endro, amaranto...) que iluminam cada jóia. A redondeza. A textura como conquista gastronômica (textura como sensação, tão elaborada quanto o paladar, a visão ou o olfato). O desafio "fácil".

Não é um desafio ruim (o fácil, o bonito, o autêntico). Falamos de futuro, para onde vai a família Viajante?

"Espero poder viajar um pouco... Ontem eu estava discutindo com um amigo a possibilidade de transformar o Viajante em um restaurante nômade (e fazer jus ao nome). Três anos em uma parte do mundo, oferecendo diferentes experiências inspiradas no lugar, no ambiente e no produto local, mas mantendo-nos fiéis à nossa essência. Seria divertido!"

E sorria. E você entende que ainda há coisas que valem a pena. Como o pombo pombo, cogumelos chanterelle e castanhas que põem fim à festa, como a Grenache que ainda sussurra no copo: Les Paradetes de Escoda-Samahuja. Como virar as páginas de um livro, como um pão com manteiga (o pão do Viajante é fantástico, diga-se de passagem), o cheiro de fruta no vinho, uma bebida de palo cortado como aperitivo, a conversa após a refeição, o sobremesas sem pressa; como a emoção antes da próxima viagem...

Se eu sobrevivesse a uma refeição do meu último ano, seria esta . Faulkner escreveu que nunca se cura de seu passado.

Eu desejo.

*** Você também pode estar interessado em...**

- Os 101 melhores restaurantes para comer antes de morrer

- Todas as toalhas de mesa e facas

Viajante de lazer britânico

Viajante, prazer britânico

Consulte Mais informação