Por que não fazemos nada além de pensar no futuro (em vez de viver no presente)?

Anonim

Por que não fazemos nada além de pensar no futuro quando devemos viver no presente

Por que não podemos apenas viver o momento?

O que parecia que seria um curto período de tempo carregado de restrições e bloqueios quando a pandemia começou na Espanha em março de 2020, No final, acabou se tornando mais de um ano de combate ao coronavírus, que desencadeou uma crise económica, social e sanitária – tanto física como mental – que promete deixar a sua marca no tempo.

Se podemos tirar algo de positivo de todo esse sofrimento dos últimos meses, é que –finalmente!– A saúde mental começou a ter o destaque que vem merecendo há anos. O primeiro passo veio com torná-lo visível, e agora é a vez de investir nos meios necessários para que o atendimento psicológico chegue a todas essas pessoas que eles precisam.

À já conhecida fadiga pandêmica que surgiu como conceito proposto pela OMS no último trimestre de 2020, devemos adicionar outros estragos que esta crise do coronavírus deixou muitos de nós. Entre eles, o problema de não parar de pensar no futuro quando na realidade deveríamos estar vivendo no presente. E a que isso se deve?

Nós conversamos com dois especialistas na área, Alejandro Pereira Zambrano e Judith Viudes, para entender mais a fundo o que passa pelo nosso cérebro ao lidar com essa situação.

Por que não fazemos nada além de pensar no futuro quando devemos viver no presente

Não saber viver no presente pode ter consequências para a nossa saúde.

Um mecanismo de sobrevivência que carregamos como padrão

Nas palavras da psicóloga e sexóloga Judith Viudes: “Nosso cérebro vive em uma espécie de passado próximo porque é forçado a interpretar tudo o que vem a ele. através dos sentidos e, graças a isso, cumpre sua tarefa de garantir nossa sobrevivência. Digamos que o cérebro tenta fazer pequenas previsões com base em seu passado e sincroniza com o presente”, comenta.

“Ao mesmo tempo, graças a essas experiências, seleciona e interpreta a informação para criar um futuro próximo que garanta a sobrevivência, e isso explicaria por que muitas vezes estamos antecipando ou em estado de alerta. Isso também esclarece aquele sentimento de medo e incerteza do que pode vir. Aliás, quando prevemos, costumamos fazer de forma negativa”, acrescenta.

Desfrute de ioga e meditação com vista

Yoga e meditação podem nos ajudar a focar no presente.

E, sem dúvida, Esse tipo de previsão de futuro negativo aumentou com a presença da pandemia. A razão? "Estamos vivendo uma situação que não conhecíamos antes, e digamos que nosso cérebro está funcionando mais do que o normal. E então, ele dispara quando se trata de gerar essas previsões futuras, e, além disso, compara-o com o passado e com as experiências vividas, por isso este exaustão física e mental comenta Judith Viudes.

Por que não fazemos nada além de pensar no futuro quando devemos viver no presente

É lógico pensar no futuro, mas é preciso controlar a ansiedade que pode ficar obcecada por ele.

Isso não vem como algo novo com a pandemia, antes de pensarmos no futuro, mas de uma forma diferente. “Na pré-pandemia também nos posicionamos no futuro, mas vimos com outros olhos, com menos preocupações e menos mudanças em tão pouco tempo. O sentimento atual é de não confiar que as coisas vão dar certo. E isso faz todo o sentido do mundo dado tudo o que vivemos no ano passado", diz. o psicólogo clínico Alejandro Pereira Zambrano.

Por outro lado, muitas pessoas olham para o futuro o que não encontram no presente, sejam ilusões ou planos que, pela incerteza atual e às constantes mudanças, jogam contra nós, criando um grau tão alto de afetação emocional.

**Ansiedade, incerteza e sintomas depressivos**

Essa situação só afetou nossa carga de saúde mental que, por sua vez, também se manifesta em sintomas físicos como ansiedade, ritmo cardíaco acelerado, aperto no peito, falta de ar, tremores, sudorese, distúrbios na alimentação ou no sono, problemas digestivos, cansaço, falta de apetite sexual, estresse, rigidez muscular e até febre.

Como lidar com a ansiedade gerada pela crise do coronavírus

Como lidar com a ansiedade que nos preocupa com o que pode vir.

Como reconhece Alejandro Pereira: “Não existe uma forma específica de manifestação corporal em cada pessoa, pois cada um de nós tem um padrão de ativação para nos colocar em alerta que acentuam um ou outro [sintomas], mas os mais comuns são geralmente os mencionados algumas linhas acima”, reconhece.

“Desenvolvemos tanto essa capacidade de pensar sobre o que aconteceu e o que virá que não somos capazes de pensar sobre o que é. Os maiores problemas psicológicos do ser humano advêm destes dois fatores: o passado, com problemas relacionados ao humor, como depressão, e no futuro, com a temida e conhecida ansiedade”, completa.

Os pensamentos que mais nos invadem no dia a dia (e que você certamente reconhece pelo menos alguns deles) são a desesperança do futuro, a sensação de vazio, o desejo de fugir ou mesmo de desaparecer. Emoções como o 'pouco lucro' extraído de situações passadas carregadas de um grande sentimento de arrependimento também jogam contra nós. **Ou o medo de não poder aproveitar a vida como antes. **

Os mais afetados por esses pensamentos são pessoas que, nas palavras do próprio Alejandro Pereira, “Eles têm menos capacidade de adaptação porque em seu ambiente geralmente não há tantas mudanças e são personalidades que não se comportam bem na incerteza. São eles que vão tentar influenciar o futuro e tentar ter tudo sob controle de alguma forma”, indica. E isso não poderia ser um gatilho negativo maior para nossa saúde mental.

Por que não fazemos nada além de pensar no futuro quando devemos viver no presente

Viver o presente é importante: é a única coisa que temos!

A importância de 'Carpe Diem' e viver no presente

Depois de entender todo esse processo, é hora de começar colocar em prática os melhores mecanismos que podem nos ajudar, não apenas em uma pandemia, mas no resto da nossa vida. A primeira coisa é obter as estratégias com as quais aprender a colocar o foco da mente no momento presente. "Se você pode trabalhar no dia a dia, os benefícios pessoais são muito positivos", comenta o psicólogo clínico Alejandro Pereira.

“Por esta razão, é muito importante viver e trabalhar no 'aqui e agora', porque é a única coisa que realmente temos e sabemos. E temos que fazer um esforço para lutar contra esses pensamentos intrusivos que querem nos controlar, algo que é incontrolável e imprevisível", disse. Adicionar.

"Uma coisa é entender esse mecanismo de sobrevivência embutido e outra é entender que também somos animais racionais e, portanto, somos capazes de selecionar aqueles pensamentos que não fazem sentido e troque-os por pensamentos mais realistas e objetivos”, acrescenta Judith Viudes.

Respire, pratique a atenção plena

Faça uma pausa: pratique a atenção plena.

Ambos os profissionais propõem **alimentar nossa saúde mental com pelo menos as seguintes opções:**

- Pratique a atenção plena, um conceito psicológico baseado em concentração de atenção e consciência no presente. "Este aspecto terá um impacto positivo no nosso bem-estar físico e mental", diz Judith Viudes.

- Faça uma alimentação equilibrada e pratique exercícios físicos, ideal para acalmar nossa ansiedade e ter uma melhor noite de sono.

-Todos os dias devemos fazer pelo menos uma coisa que é feita para e para o próprio benefício. Isso se traduziria em autocuidado. “Quanto mais tempestade há lá fora, mais calmo devemos entrar”, assegura Alejandro Pereira.

- Reduzir os níveis de demanda também é de vital importância. Quanto mais compreensão tivermos de nós mesmos, mais seremos capazes de nos concentrar no que está acontecendo no presente. “A sensação de controle que nosso cérebro quer ter para sobreviver faz com que ele sempre considere os cenários futuros mais negativos com o objetivo de agirmos no presente para nos afastarmos deles. Esse processo natural, bem entendido, nos pouparia muitas dores de cabeça. ao ser humano”, afirma a psicóloga clínica.

começamos a por em prática quanto antes?

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