O Caminho de Santiago começa na França

Anonim

O Caminho do Puy passa por Conques, uma das aldeias mais bonitas da França.

O Caminho do Puy passa por Conques, uma das aldeias mais bonitas da França.

Hoje o Caminho Francês é o Espanhol. O peregrino (espiritual, paisagista, viajante) pode optar por começar em Burgos, León, El Bierzo ou Palas de Rei. Poucos caminham para Santiago de Tours, Turim ou Regensburg. A maioria dos que seguem seus caminhos também são espanhóis. (44% em 2018).

Mas o Caminho Francês mantém a denominação da nacionalidade dos que vieram de além dos Pirinéus. Nos séculos românicos, o Caminho não começou em Roncesvalles, nem em Jaca. Estes eram os pontos de entrada em Castela e Aragão de uma rede de estradas que atravessavam a Europa e levavam, através da França, ao túmulo do Apóstolo.

Pôr do sol na região francesa da Borgonha

Uma das estradas francesas começava em Vézelay, na Borgonha, e atravessava Limoges e Périgord.

AS ESTRADAS FRANCESAS

Se nos limitarmos ao território francês, havia quatro estradas principais. A primeira partiu de Paris e desceu em direção a Tours e Bordeaux. Era o usado por belgas, holandeses e ingleses. O segundo começou em Vézelay, na Borgonha, e cruzou Limoges e Périgord. A terceira foi a rota utilizada pelos alemães e suíços. Levava de Le Puy para Conques e Moissac. Finalmente, o Caminho Tolosano chegou a esta cidade de Arles. Os italianos utilizaram esta rota, e **serviu, em sentido contrário, aos peregrinos que partiam da Península Ibérica com destino a Roma. **

A marcha para Santiago de qualquer habitante da Europa medieval oferecia uma excelente oportunidade para se libertar da repressão feudal, da fome ou de uma sentença. Apesar da dureza e dos perigos do Caminho, o peregrino era acolhido em hospitais e mosteiros. Cama e comida foram fornecidas. Foi uma escolha de vida, uma escolha devocional, e a devoção foi marcada por relíquias.

O Caminho foi estendido como um itinerário onde mãos, pés, fragmentos anatômicos de natureza diversa e **objetos relacionados à vida e martírio dos santos deram conteúdo à balança. **

7. Bordeaux na França

O mais importante Camino Frances começava em Paris e descia em direção a Bordeaux.

AS RELÍQUIAS

Atrás do Pórtico de la Gloria, aguardavam os restos intactos do apóstolo. Reza a lenda que depois que ele foi decapitado em Jerusalém, o navio em que ele carregava seu corpo ele foi carregado por um anjo através do Estreito de Gibraltar para a Galiza. A tumba foi descoberta ali, oito séculos depois, por Teodomiro, bispo de Iria Flavia.

Outros templos tentaram quebrar o monopólio: A Abadia Inglesa de Reading afirmou ter uma mão do Apóstolo, a catedral de Nevers, a cabeça, o convento de Notre-Dame de Namur, na Bélgica, um fragmento de pé, e o Hospital de Santiago, em Paris, um dente.

A guerra pelas relíquias gerou lutas ferozes. O Codex Calixtinus, um manuscrito do século 12 escrito em Santiago, declara: “Os rivais trans-Pireneus, então, coram de vergonha, que dizem ter uma parte dele ou de suas relíquias. Porque o corpo do Apóstolo está aí inteiro (em Santiago), divinamente iluminado com rubis celestes, exaltado por aromas divinos infalíveis e perfumados, adornado com resplandecentes velas celestiais e constantemente honrado com presentes dos anjos”.

Ao avançar para o corpo do Apóstolo, cada escada agarrava-se às suas próprias relíquias. **

pórtico da glória

Atrás do Pórtico de la Gloria repousam os restos mortais completos do apóstolo.

OS POVOS

Conques é uma das aldeias mais bonitas da França. Suas casas, empoleiradas na montanha, não quebram em nenhum ponto a harmonia da paisagem. Esconde-se entre os bosques do Aveyron, no caminho que levava os peregrinos suíços e germânicos a Roncesvalles. Estes começaram a afluir para a cidade quando sua abadia recebeu os restos mortais de Santa Fé de Agen.

O santo, pertencente a uma rica família galo-romana, foi torturado na grelha, como São Lourenço, e decapitada aos treze anos em defesa de sua fé no século IV.

Era pouco conhecido até que, no século IX, o monge Ariviscus roubou seus restos mortais da igreja onde estavam guardados e os levou para Conques, que não tinha relíquias. Ali foi construída uma grande igreja, cuja luz é hoje colorida pelos vitrais de Pierre Soulages, artista abstrato que procurou intensificar a atmosfera espiritual das naves. O Juízo Final é retratado na capa, assunto habitual, o que tornou muito útil a intercessão dos ossos preservados em uma figura de ouro e pedras preciosas.

Alguns dias mais tarde, no mesmo ramal da estrada, encontra-se a monumental abadia de Moissac. O mosteiro conserva um claustro românico cujos capitéis alternam com monstros e cenas do Novo Testamento.

conquista a frança

Conques mantém sua aparência medieval.

O tremor da frente do templo inspira um leve tremor. Para libertar o peregrino da ameaça do martírio infernal a abadia tinha um rico tesouro de relíquias, entre as quais um dedo do Apóstolo Santiago (outro), e os restos de San Cipriano de Cartago, pelo qual competiram Lyon, Arles, Veneza, Compiègne e Roenay.

O caso de Saturnino de Tolosa parece mais claro. O santo, recusando-se a oferecer um sacrifício a Júpiter, foi amarrado a um touro, que o arrastou em pedaços. Seu corpo foi enterrado na própria cidade.

A abadia românica de Saint Sernin, construído em tijolo e pedra ao estilo de Toulouse, atraiu multidões de peregrinos que também veneraram os restos mortais de São Simão, São Judas Tadeu, um fragmento da Verdadeira Cruz e, em conflito com a sede de Compostela, a cabeça e o corpo de São Tiago, o Velho.

Os monges diziam que Carlos Magno os havia movido para lá e que, claro, seu Santiago era o verdadeiro negócio.

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