'Venicefrenia' ou os males e terrores do grande turismo

Anonim

A imagem de os grandes navios de cruzeiro pelos canais de Veneza, competindo em altura com os palazzi, isso nos surpreende, assusta e envergonha. Talvez seja uma daquelas imagens que mostram o mais cru do turismo de massa.

E dessa imagem e do movimento contra isso surgiu entre os venezianos exigindo o fim da passagem desses grandes navios para lá ("Fuori Grandi Navi") Venezafrenia, o último filme de Álex de la Iglesia (lançamento nos cinemas em 22 de abril).

"Sempre foi Veneza, esteve lá desde o momento em que Álex pensou na história", confirma. Carolina Bang, produtora do filme Venezafrenia. “Se há um lugar turístico que todos temos em mente, é Veneza, pelo número de turistas, por causa daqueles transatlânticos absolutamente superdimensionados; e então há aquele olhar de terror da cidade, com edifícios tão antigos.

Álex de la Iglesia com três de seus atores Enrico Lo Verso Silvia Alonso e Ingrid García Jonsson.

Álex de la Iglesia com três de seus atores: Enrico Lo Verso, Silvia Alonso e Ingrid García-Jonsson.

O diretor de O Dia da Besta é o primeiro a ser incluído no esta crítica do turismo de massa. Porque ele também é um daqueles que visitou Veneza tantas vezes quanto pode. Desde a adolescência, é visitante e tem ido apresentar muitos de seus filmes no festival de cinema. Os seres humanos são cada vez mais egoístas e pensamos que somos especiais e não pensamos no nosso entorno, na verdade, quanto mais queremos o nosso entorno, um lugar, quanto mais nos fascina, mais o exploramos. Como acontece em Veneza.

Os protagonistas do filme Venicephrenia eles são cinco amigos espanhóis que chegam à cidade dos canais em um desses navios de cruzeiro, em pleno carnaval, quando as pequenas ruas transbordam com mais pessoas. Eles chegam fazendo muito barulho, como tantos outros, numa espécie de despedida de solteira muito cara, com fantasias alugadas, com hotel com vista para o Grande Canal, jantar e o sonho de entrar sorrateiramente em uma festa de palazzo particular.

A aterrorizante Veneza.

A aterrorizante Veneza.

Eles imediatamente atraem a atenção dos vizinhos venezianos que estão fartos do turismo, que Eles os consideram "a peste", "a pior doença do século 21". E nesse momento, um assassino de turistas corre pelas ruas e pontes, passando despercebido entre tantas máscaras e fanfarras.

O filme mostra o difícil e polêmico debate entre os próprios venezianos: aqueles que rejeitam totalmente o turismo, aqueles que sabem que ainda é uma cidade que vive justamente desses turistas.

UM TIRO ÚNICO

Tiro em Veneza era obrigatório para a equipe. Era essencial. E conseguiram, com muita ajuda da cidade, no outono de 2020. Ao contrário do que se poderia imaginar, a pandemia jogou a seu favor. "Não teria sido possível filmar em outro momento", diz Bang. eles poderiam aproveitar uma Veneza completamente vazia, uma imagem ainda mais surpreendente: Praça de São Marcos sem alma. “Por um lado, era mais fácil, com ruas controladas; por outro, tínhamos que enchê-los de figuração, de gente no Carnaval”, explica.

Nas filmagens.

Nas filmagens.

Mais um desafio ao já colocado pela cidade pela sua própria natureza. “Não há carros, tudo é feito em barcos. Todas as vezes que tínhamos que transportar equipamentos artísticos, figurinos, equipamentos elétricos, era feito em barcos que não eram muito grandes”, lembra Carolina Bang. “A isso você adiciona que Você não tem lojas normais como em qualquer bairro de outra cidade... Logisticamente, foi muito complicado. Foi a produção mais difícil que já fiz."

Eles rolaram em todos os lugares Garantir. “Da parte mais turística à zona mais a norte onde há sempre menos visitantes e mais venezianos vivem”, diz. Também em algumas das ilhas. Poveglia, Por exemplo, desempenha um papel fundamental na aquele movimento pró-turismo responsável e um pouco aterrorizante dos olhos de De la Iglesia.

UMA VENEZA PESSOAL

Entre a pré-produção e as filmagens, Carolina Bang, Álex de la Iglesia e parte da equipe eles viveram em Veneza por quase quatro meses. "Era uma Veneza que eu nunca tinha visto, porque sempre estive lá como turista", diz. Viva-o com calma e viva-o sem pessoas.

Navios de cruzeiro uma imagem assustadora.

Navios de cruzeiro, uma imagem assustadora.

“Terminamos as filmagens e íamos tomar um coquetel no mítico Bar do Harry e estávamos sozinhos lembrar. "Foi uma sensação estranha e preciosa."

Entre suas recomendações pessoais para esse casal que também conhece a cidade, além de Harry, a Trattoria Do Forni, “Comida típica veneziana”. "Também Da Rafaelle, que tem muito marisco”, acrescenta. E como pontos um pouco fora dos roteiros turísticos mais comuns: o Campo Santo Stefano. Ou visite as ilhas, vá a Murano, Burano, Giudecca… todas aquelas ilhas menos populosas”.

Fuori Grandi Navi

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