Dentro do Vulcão: Uma Viagem às Profundezas do Inferno

Anonim

vulcão

Uma viagem ao submundo

"É um incêndio que quer irromper, e pouco se importa com o que estamos fazendo aqui", Ele diz Clive Oppenheimer, renomado vulcanólogo da Universidade de Cambridge, que junto com o diretor alemão Werner Herzog, embarcou em uma aventura ao redor do mundo desafiando um dos fenômenos mais impressionantes da natureza: os vulcões.

Desta emocionante jornada surgiu o filme Dentro do vulcão (No inferno), que foi exibido em Caverna dos Verdes de Lanzarote por ocasião da inauguração do Canary Island Film Festival, que este ano celebra a sua oitava edição.

A configuração para exibição do documentário, disponível na Netflix, não poderia ser mais bem sucedida, pois esta bela gruta é o tubo vulcânico mais longo do mundo.

Clive Oppenheimer

"Comportamento humano me assusta mais do que vulcões"

EREBUS, O FIM DO MUNDO

“Conheci Werner na Antártida durante uma expedição ao Monte Erebus, o vulcão ativo mais ao sul da Terra. Ele estava filmando seu filme Encontros no Fim do Mundo e ali mesmo, no fim do mundo, surgiu nossa amizade”, lembra Clive.

Quando lhe pergunta sobre a experiência mais incrível que teve ao longo de sua carreira, ele é claro: “Erebus. Sem dúvida. Ir para a Antártida é a coisa mais próxima de ir a Marte (ou assim imagino). É muito mais visceral do que qualquer outra expedição – imagine passar um mês em uma loja no meio do nada”, diz Clive.

“As vistas do vulcão são extraordinárias e no ar lá em cima flutuam alguns pequenos cristais de gelo que por um momento eles fazem você pensar que você está no País das Maravilhas”, continua o vulcanologista britânico.

Érebo

Erebus, a experiência mais incrível de Clive

INDONÉSIA: O PRIMEIRO DESAFIO

Aos oito anos de idade, Clive se interessou por pedras e minerais após uma visita ao Museu de Geologia Londres, disciplina cursada na universidade.

“Minha tese de doutorado foi a grande decisão da minha vida, e a melhor, pois a vulcanologia abrange muitos campos diferentes: antropologia, climatologia, matemática...”, explica o britânico.

Suas primeiras ascensões foram na Indonésia, o país com os vulcões mais ativos do mundo. “O primeiro desafio realmente importante foi o vulcão Merapi, em Java. Comece a escalar no meio da noite para acabar chegando ao amanhecer foi impressionante”, conta Clive ao Traveler.es

“Lembro-me também do vulcão da ilha adorar , que visitei um dia após sua erupção. Havia cinzas por toda parte e tudo estava morto. Nem uma única pegada. Foi como andar no pó”, lembra.

merapi

Merapi, na ilha de Java

VULCÕES NA TELA GRANDE

O **Lanzarote Film Festival** queria ter uma secção muito especial este ano, nos bastidores, centrado num dos aspectos mais atractivos e particulares da ilha: os vulcões.

“Este ano apresentaremos dez filmes em que o vulcão assume um papel de protagonista: de um dos primeiros curtas-metragens da história do cinema a obras relevantes de artistas contemporâneos como Fiona Tan ou Khristine Gillard”, comenta Javier Fuentes, diretor da Mostra.

Além de Into the Inferno, o filme inaugural estrelado por Oppenheimer, Trasfoco inclui títulos como Epitáfio (por Yulene Olaizola e Rubén Imaz), vulcano (por William Dieterle), o mítico Stromboli (por Roberto Rossellini) ou La Soufrière (por Werner Herzog).

La Soufrière

O vulcão La Soufrière, na ilha de Guadalupe

UMA MEDITAÇÃO SOBRE OS VULCÕES

“Obviamente houve um aspecto científico em nossa viagem, mas o que estávamos realmente procurando era o lado mágico, não importa o quão estranho tudo tenha ficado no final”, esclarece Clive.

E é que, como bem descreve o vulcanólogo, Into the Inferno é “uma meditação sobre vulcões”. As crenças das pessoas que vivem perto deles ocupam uma parte importante do filme e suas interpretações são, no mínimo, fascinantes.

"Se o que o espectador espera é pura ciência, eles ficarão desapontados quando virem o filme_,_ porque a história vai mais no caminho da antropologia e da cosmologia", diz Clive. embora também tenha alguns fogos de artifício”, aponta, divertido.

“Nossa principal intenção mostrar uma visão poética. O que eu mais gostaria de ouvir de alguém que viu o filme é que ele os fez ver o mundo de uma forma diferente”, conclui.

para o inferno

Into the Inferno, um tour pelos vulcões mais incríveis do mundo

ENTRE OSSOS E CÓDIGOS MEDIEVAIS

“Lembro-me de cada um dos momentos das filmagens, mas há dois muito especiais para mim. Um deles foi descobrir ossos de um Homo sapiens junto com o antropólogo Tim White”, conta.

O segundo momento foi em Reykjavik, virando as páginas do Codex Religius, um manuscrito medieval contendo vários textos descrevendo uma grande erupção vulcânica. O primeiro fragmento, chamado A Profecia do Vidente, narra de forma apocalíptica o fim dos deuses pagãos como se fosse uma catástrofe vulcânica:

“A terra afundará no mar, o sol escurecerá. As estrelas brilhantes cairão do céu. Fumaça e fogo ardente fluirão por toda parte e as chamas furiosas subirão ao céu.

Werner Herzog

Diretor Werner Herzog durante as filmagens

COREIA DO NORTE: DO MONTE PAETKU ÀS PROFUNDIDADES… DO METRO

Bem na fronteira com a China, encontramos o vulcão paetku, que apesar de estar inativa há mais de mil anos, ocupa um lugar importante no imaginário popular: por muito tempo foi considerado o berço da nação coreana. Atualmente, o governo socialista se apropriou do mito.

“Foi o palco onde começamos a filmar. Eu já tinha estado na **Coreia do Norte** antes e tinha colegas cientistas em Pyongyang que confiavam cegamente em nós”, diz Clive.

Além disso, eles também tiveram a oportunidade de filmar algumas cenas na cidade, onde podemos ver um metrô sem propagandas e onde os cidadãos não vivam grudados no celular, porque mal têm contato com o exterior.

Paetku

O Lago do Céu e o Monte Paetku na Coreia do Norte

VULCANOLOGIA COMO MODO DE VIDA

“Definitivamente, a melhor coisa do meu trabalho é fazer filmes. Bem, e também ir a festivais de cinema. Trabalhar com artistas é algo que amo”, diz Clive. Quanto à pior parte de seu trabalho, "o quadro de avaliação da pesquisa, a papelada, a ida às universidades, etc", confessa.

E sim, ser vulcanologista envolve correr vários riscos, mas Clive também tem algo a dizer quando perguntado sobre a experiência mais perigosa que ele já viveu.

“Senti que estava em perigo dirigindo pela **Etiópia**, pois as estradas e rodovias são aterrorizantes. Sim, Tenho mais medo do comportamento humano do que dos vulcões. Vimos muitos acidentes naquele país”, lembra.

Lavagem

"É difícil tirar os olhos do fogo que queima sob nossos pés"

PRÓXIMA PARADA: O FIRMAMENTO

a próxima aventura de Clive Oppenheimer e Werner Herzog será outro filme que desta vez será sobre chuvas de meteoros e seus impactos.

“Será algo como o paraíso na Terra e planejamos filmar no Antártica, Austrália, Havaí e provavelmente Arábia Saudita e Vaticano." O vulcanologista nos adianta.

Não vamos perder de vista o firmamento Clive!

dentro do vulcão

"Uma meditação sobre vulcões"

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