Se 'Neve em Benidorm' é que tudo é possível

Anonim

Neva em Benidorm

A luz dourada da Costa Blanca.

"Às vezes há tanta luz em Benidorm que não deixa ver", diz Alex (Sarita Choudhury) uma Pedro (Timothy Spall) dentro Neva em Benidorm, o último filme de Isabel Coixett (Lançamento nos cinemas em 11 de dezembro). E talvez isso tenha acontecido conosco por tantos anos. Tanta luz, refletida nas imponentes fachadas de seus arranha-céus, não nos deixou ver o que a cidade de Alicante escondia nos seus cantos, entre as suas baías, esse universo de contrastes e contradições em que as comunidades espanhola e internacional mal se tocam.

Esse universo é aquele que Coixet descobriu há alguns anos quando apareceu pela primeira vez em Benidorm, para fazer um documentário sobre a degradação da costa e ficou fascinada pelas personagens que o povoaram: aposentados à vontade com sua nova escolha de casa, imitadores de Elvis e vedettes de cabaré burlesco como protagonista, uma mulher madura muito sexy, muito viva.

Neva em Benidorm

O horizonte de Benidorm.

E em toda essa mistura entrou Sylvia Plath e a viagem de lua de mel do poeta em 1956, com Ted Hughes. As cinco semanas que passaram lá, na casa de um pescador com vista para a praia, mesmo lugar onde Coixet coloca um de seus personagens: o curador que interpreta Carmem Machi, obcecado por Plath e por aquela visão da poetisa de biquíni que fala de outro Benidorm.

Nesse cenário, a diretora coloca sua protagonista, Peter Riordan, um inglês metódico, maníaco e apático, que vive uma vida rotineira, sempre trabalhando no mesmo banco, tomando café da manhã, janta igual, com um único cartão postal de Benidorm na geladeira que o lembra de outro mundo em que vive seu irmão, que há muito não vê . A única coisa que parece mover o sangue de Peter é o clima, olhar e fotografar o céu todos os dias.

"O tempo é uma forma de sentir que algo está acontecendo e se nada está acontecendo, há sempre uma promessa de que algo vai acontecer" É a sua crença mais forte. Assim como o clima, a vida pode mudar em poucos minutos. É o que lhe acontece quando chega a Benidorm e descobre que o seu irmão desapareceu, que tinha um clube burlesco, que não sabia nada dele. Acompanhado por Alex, seu guia para Benidorm e uma nova vida, ele tenta seguir os últimos passos de seu irmão.

Neva em Benidorm

Peter Riordan, um estranho em Benidorm.

Do terraço da casa do irmão, no Torre Lugano ver toda a cidade, aquela com a maior densidade de arranha-céus por habitante, que Horizonte que agora é admirado e invejado, que muitos visitantes agora sentem falta neste ano de covid. À noite, Peter desce das alturas para aquela rua de Benidorm cheia de despedidas malucas de compatriotas ingleses, tiros grátis e luzes de néon ofuscantes.

Novamente para o dia com Alex descubra um Benidorm gastronômico. No Restaurante Llum del Mar, no D-Vora Gastrobar: polvo, camarão vermelho de Dénia, anchovas com tomate, arroz preto…

Neva em Benidorm

Benidorm, em pleno sol.

Nada é impossível em Benidorm. Se, como Pedro bem sabe, numa cidade atraente pelo seu clima ameno, pode até nevar, todo o resto também é possível. Mesmo encontrando o amor e o desejo de viver, uma segunda chance de viver tudo isso, de descobrir tudo o que eu nem sabia que existia. Essa é a epifania que o protagonista tem no topo do parede vermelha, construído por Ricardo Bofill em 1973, no qual Coixet também teve outra revelação: com aquelas cores da Costa Blanca, o filme não poderia ser em preto e branco como inicialmente imaginado. O seu neonoir precisava da cor e luz de Benidorm, aqueles que até agora nos deslumbraram, aqueles que cegaram Peter por um momento para depois abrir um novo céu, completamente claro.

Neva em Benidorm

Sarita Choudhury e Timothy Spall.

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