Caldas da Rainha, possivelmente a cidade mais relaxante de Portugal

Anonim

Jardins do Parque Dom Carlos I

Caldas da Rainha, possivelmente a cidade mais relaxante de Portugal

fique de olho no mapa português quando as férias se aproximam (ou quando você sai de um período de confinamento que se tornou eterno) tem algo terapêutico. Porque você sabe que pode surpreendê-lo, até para quem pensa que sabe tudo por ter estado em Lisboa e no Porto, passando o verão nas falésias de ficção científica do Algarve ou descobrindo os costumes de design do Alentejo (e não precisamente por esta ordem).

A questão é que, no caso de Portugal, a surpresa é sempre garantida. A última grande descoberta foi Caldas da Rainha, uma cidade termal localizada na região Centro de Portugal, muito perto do mar mas sem costa. Um detalhe que, aliás, não é importante nem no verão.

Edifício do antigo hospital termal das Caldas da Rainha

A Rainha Dona Leonor ordenou a construção de um hospital termal onde havia apenas um pântano

Seu nome já diz muito: É a cidade dos banhos termais da rainha. Que Rainha? Dona Leonor, esposa do Rei de Portugal Dom João II. Ou talvez devêssemos dizer o primeiro influenciador ou coolhunter do momento. No século XV tornou-se a primeira pessoa pública e de renome a divulgar as propriedades curativas das águas termais da região, muito rica em nascentes, a que chegou quase por acaso numa viagem a caminho do mosteiro da Batalha (uma jóia arquitetónica, aliás, em cuja capela inacabada Daenerys Targaryen e os seus dragões bem poderiam ter morado).

A rainha, grata por ter encontrado nestas águas a cura para uma ferida que não cicatrizava com nenhum tratamento, mandou construir um hospital termal onde havia apenas um pântano. E com ela conseguiu construir o primeiro hospital termal do mundo (1845) para que todos aqueles que vinham (como ela) curar seus males na lama fumegante pudessem fazê-lo com certos confortos; nomeie a cidade que começou a crescer em torno do hospital; S coloque-o no mapa de Portugal.

Ruínas do antigo hospital termal

Os corredores fantasmagóricos desses pavilhões abandonados são um paraíso para os amantes do urbex

O curioso é que não viemos sozinhos para a cidade da água Vamos ver se o que dizem sobre suas propriedades térmicas é verdade (ótimo para tratar osteoartrite, reumatismo inflamatório, sinusite, rinite e outras doenças do trato respiratório). Nem andar, como amantes do urbex, por os corredores fantasmagóricos dos pavilhões abandonados que presidem os jardins românticos do parque Don Carlos I, um ambicioso projeto de ampliação do hospital termal (com hotel e áreas de lazer ao estilo das termas da França do século XIX), que nunca viu a luz do dia devido às críticas e desconfianças que suscitava entre a população. Temia-se que se prestasse demasiada atenção ao turismo, em detrimento dos habitantes de Caldas (será este o germe do turismo sustentável?).

O que realmente nos trouxe a Caldas é a ligação entre a cidade e um dos grandes génios da cerâmica portuguesa: Rafael Bordallo Pinheiro. Artista do costumbrismo do século XIX, caricaturista do quotidiano e ícone da cerâmica portuguesa. Pinheiro é o fundador da Fábrica de Faianças em Caldas da Rainha, local onde nasceu a faiança popular da cidade.

Hoje é a fábrica, museu e loja (outlet incluído) dedicados ao mestre do sarcasmo e da devoção gastronómica em faiança, um lugar de onde é impossível (e impensável) sair sem uma saladeira de repolho, uma terrina em forma de tomate ou uma louça completa em forma de peixe. Pequena palavra.

A presença desta fábrica justifica muitos dos símbolos que temos visto enquanto caminhamos por a cidade de paralelepípedos em forma de mosaico (você sabe que está em Portugal só de olhar para o chão) e isso confirma a admiração que Bordallo tem por aqui. E se um bando de andorinhas de porcelana preta em uma fachada , uma família de caracóis gigantes no meio da praça, um sapo derramando água pela boca em uma fonte, um camponês de porcelana de tamanho humano… e assim até mais 20 figuras do universo popular português que podem ser descobertas seguindo** a rota Bordalliana.** Além da presença de centenas de imitações de Pinheiro nas montras das lojas e comércios vizinhos.

É o legado dele. Isso, e sua contribuição para o food stylist mais atual, porque Não há foto gastronómica que valha a pena sem uma loiça inspirada numa das suas famosas criações portuguesas. Sabemos do que estamos falando.

Em Portugal comer bem é quase uma religião. E Caldas não ia ser menos. Talvez seja por isso que está aqui o único mercado diário de frutas e legumes ao ar livre do país. E encontrá-lo é muito fácil: basta dirigir os olhos do Hospital Termal para o quadrado de frutas, uma localidade que deve o seu nome precisamente à existência deste mercado dedicado aos produtos locais e quilómetro zero desde o século XV.

Mercado de Frutas e Legumes das Caldas da Rainha

O único mercado diário de frutas e legumes ao ar livre do país

Além de frutas e verduras bem fresquinhas, tome cuidado para não passar por suas barracas e não petiscar algumas de suas doces tentações, como cavacas ou beijinhos, duas doçarias de origem conventual muito típicas de Caldas. E perfeito para ter um gostinho muito bom da cidade.

Se você der um passeio a praia da Foz do Arelho, a pouco mais de dez minutos de carro de Caldas, a memória será indelével. E a sua vontade de voltar a Portugal é imensa (como a minha agora).

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