Cus Barcelona: moda política

Anonim

Transparência radical é o lema da empresa de moda Cus, e não se refere precisamente a roupas com 'transparência', mas a fazer as coisas direito, do ponto de vista social e ecológico.

"Quando abordamos a roupa, muitas vezes a valorizamos do ponto de vista estético e econômico. Nos relacionamos com ela como se tivesse surgido do nada, quando, na verdade, é fruto do trabalho humano. Apagamos os rastros de sua produção”, diz Adriana Zalacain, fundadora do escritório, formada em Ciência Política.

Há cerca de 15 anos, ele se interessou por trabalhar com as mãos em várias disciplinas. “Pouco a pouco me aproximei do mundo da moda, sempre me atraiu. Eu continuei fazendo isso de uma perspectiva muito autodidata, guiado pelo prazer que a busca por uma certa estética produziu em mim e de uma linguagem própria que ia mais longe e estava ligada a uma busca de identidade individual”, conta Adriana ao Condé Nast Traveler.

Cus Barcelona moda política

Adriana, criadora do Cus Barcelona, em Brasília.

peças de Cush Eles são isentos de petróleo e não usam corantes tóxicos, e todas as peças são projetadas e produzidas continuamente, sob encomenda. e eliminando as estações. “O mais difícil, sem dúvida, foi construir uma rede de vendas forte. Levei muitos anos, muita persistência e determinação para conseguir”, lembra.

"Mas, como tudo que custa, foi uma grande satisfação consegui-lo e, além disso, a interação com os clientes foi uma experiência muito agradável. Com a nova reviravolta que demos ao projeto, nossas vendas agora estão focadas exclusivamente no cliente final”.

UMA NOVA SUSTENTABILIDADE

Cus nasceu em 2013 e, desde o início, responsabilidade ambiental andou de mãos dadas com o compromisso social e isso resultou no uso de tecidos sustentáveis e reciclados, e produção local e responsável. Ao longo dos anos, Adriana foi moldando um projeto muito pessoal onde canaliza suas preocupações políticas e estéticas.

Cus Barcelona moda política

Look de Cus Barcelona.

Ao incorporar o modelo de produção baseado na demanda, a marca reduz estoque e deixa de lado o sistema de coleta, apostando na trabalho de produção sustentado ao longo do ano. A loja digital é o principal canal de vendas, onde uma roupa é apresentada como lançamento.

As peças são confeccionadas assim que a venda termina, em grande parte com tecidos remanescentes, e as propostas se completam com o Essentials, uma seleção de básicos para mulheres e homens destinados a durar no tempo.

O respeito ao meio ambiente sempre esteve presente na ideia: “No DNA da Cus sustentabilidade é um atributo inquestionável que nos acompanha desde o primeiro dia”, sublinha Adriana, que se inspirou em muitas outras empresas de moda. “Sempre gosto de ver o que Lemaire, Samuji ou Nanushka fazem. Mas também continuar o trabalho de artistas como Alicja Kwade, designers como Ronan Bouroullec ou ilustradores como Rosie McGuinness”.

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Seneca 8, espaço de vendas, oficina e showroom da Cus Barcelona.

E acrescenta: "Ultimamente encontro uma tremenda inspiração na palavra. A literatura é um lugar para encontrar e, a partir dele, crio narrativas que servem de fio condutor para os cenários das fotos da campanha”.

Muitas (quase todas) empresas hoje falam em sustentabilidade, e a Cus vem tentando redefinir ou ampliar o significado dessa palavra há algum tempo. “A transparência radical no processo de produção tornou-se um dos principais eixos dessa vontade de ir mais longe em relação a esse conceito. Continuamos usando tecidos 100% naturais e sem fibras sintéticas, nossos tecidos são isentos de petróleo e, portanto, são 100% recicláveis”, afirma Adriana.

Algodão orgânico e tencel são dois dos tecidos icônicos da marca, que também trabalha com lã, linho e Eco-vero. Cus dispensa tecidos sintéticos para conseguir peças que possam ser recicláveis e, a longo prazo, biodegradável, juntamente com o compromisso, como dissemos, de erradicar o petróleo da indústria têxtil.

"Acho que estamos começando a ver mudanças na nossa mentalidade em relação ao consumo", reflete. Há um setor da população que não quer mais comprar roupas baixo custo, quem está disposto a ter menos quantidade em troca de ter um pouco mais de paz de espírito. Quando você sabe como são feitos os produtos de baixo custo e está ciente das consequências, Você não pode mais voltar atrás e fingir que não sabe de nada."

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Adriana Zalacain, criadora do Cus Barcelona.

Em relação à embalagem, também é totalmente reciclável. “Em relação aos embarques, sempre aconselhamos nossos clientes a consumir com responsabilidade e mantemos um contato muito direto com eles para minimizar ao máximo as devoluções”, completa.

No que diz respeito ao artesanato, é um eixo fundamental: “O artesanato é mãos, e como elas são manuseadas para se chegar a um produto com excelência. A dedicação, carinho e delicadeza que são depositados nessas mãos no momento de criar uma peça de vestuário, sem dúvida acabam imbuindo o produto final com uma beleza totalmente exclusiva”.

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Workshop Cus Barcelona, em Seneca 8.

A Cus é composta por uma equipa pequena mas sólida em constante comunicação. “Há duas pessoas que estão encarregadas da oficina, Rosario Moreno e Isabel Montilla, e Sabrina Kohan, que trabalha lado a lado diretamente comigo. Também temos colaborações externas para design gráfico, imprensa e marketing”, explica a empresária.

Além da sustentabilidade, o conceito estético das peças lembra o minimalismo nórdico com toques mediterrâneos. “É sempre difícil para mim definir minha própria estética porque tenho uma maneira de abordá-la totalmente intuitivo e muito primário. Ainda assim, acho que vejo linhas limpas, simples e cores mediterrâneas. Além de uma busca por uma certa harmonia e coordenação”, conta.

Cus Barcelona moda política

Look de Cus Barcelona.

CONSUMIDORES COSMOPOLITAS E CONSCIENTES

“Temos clientes que nos acompanham desde o início, a maioria já conhece o tipo de roupa e conceito, e compra conectados principalmente da Alemanha, Holanda e Bélgica. E aqueles que estão nos conhecendo agora apreciam muito poder ver o espaço de trabalho e o processo da peça, bem como o design. É um prazer ter um tratamento tão direto e personalizado", Adriana enfatiza.

seu espaço, Seneca 8 (Carrer de Sèneca, 8, Barcelona), é uma oficina, estúdio, loja e espaço de expressão, Tudo ao mesmo tempo. Funciona de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h, e às quartas-feiras, das 10h às 20h. "Isso é um lugar que se adapta às roupas e as deixa respirar. As linhas do design de interiores são muito simples e neutras, pelo que são as roupas que se destacam".

"Apesar de priorizar o papel da peça -diz o estilista-, quis dar ao design do espaço uma piscadela de identidade. incluindo um material que era típico do Mediterrâneo, algo que quebraria um pouco a neutralidade para explicar, a partir de um material, algo sobre o lugar onde está localizado”.

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Foto tirada por Adriana em viagem ao Uzbequistão.

Por isso decidiram usar alguns pedaços de barro e areia, chamados tova, para construir alguns elementos, como bancos, prateleiras ou móveis de cozinha. “Essas peças são fabricadas em Banyoles, uma cidade maravilhosa à qual estou intimamente ligado, e que fica a 150 km de Barcelona. A produção das peças é totalmente artesanal e o processo de fabricação é feito exatamente como há 200 anos. Uma maravilha absoluta."

AS VIAGENS DE ADRIAN

“Meus destinos preferidos são aqueles pouco concorridos e de beleza singular, com contrastes que me surpreendem e me desorientam. As últimas que me cativaram foram as cidades de Tashkent e Buhara no Uzbequistão, e Brasília no Brasil”, conta o designer.

“Das cidades uzbeques fiquei fascinado a mistura da cultura pós-soviética com a cultura muçulmana do país. Além disso, a mistura de configurações muito austeras, com outras muito barrocas, me impactava continuamente. Também foi muito bom ver como A sociedade uzbeque vive o Islã muito abertamente. Como mulher, foi muito emocionante ver as mulheres brilharem sozinhas e se movem com autonomia em suas decisões. Há uma experiência de religião muito aberta”, acrescenta.

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Espaço Sêneca 8.

"Em quanto a Brasília, acabei de voltar de uma viagem a esta cidade maravilhosa, que sempre me cativou como destino. Minhas expectativas foram mais do que cumpridas. Minutos depois de aterrissar na cidade, eu sabia claramente que ia me apaixonar por ela. Existem poucas cidades no mundo assim, é muito 'marciana'. Tudo é disposto e preservado exatamente como foi projetado na década de 1960 do arquiteto Oscar Niemeyer e do urbanista Lúcio Costa. Sua beleza é majestosa e colossal, cada prédio é uma obra de arte, mesmo simples prédios residenciais ou estações de metrô ou ônibus.

Quando você viaja, você gosta de fazer compras? “Sim, adoro fazer compras quando viajo. No Brasil estive nas lojas de Osklen, uma grande e bem estabelecida marca brasileira. Além disso, também descobri outro muito interessante, o Haight, com linhas elegantes e orgânicas. Por outro lado, Alguns meses atrás eu estava em Amsterdã visitando lojas de roupas vintage dos anos 60 aos 80. São espetaculares, estão cheios de tesouros que me inspiram muito a desenhar”.

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