A rota dos microfones abertos em Madrid (ou a essência do 'stand up comedy')

Anonim

Deixamos o microfone aberto

Deixamos o microfone aberto

o legal Inácio Farray aponta em seu livro Viva como um mendigo, dance como um rei que “a comédia, em termos universais, sempre se baseou no desejo de liberdade, de questionar as regras e de inventar a realidade”.

E é precisamente esta vocação tão livre que recolhe momentos extraordinários em os shows de 'microfones abertos' ou 'microfones abertos', a essência da 'comédia stand up'. Uma espécie de ginásio para comediantes: o prelúdio de seus futuros monólogos.

As sessões de 'microfone aberto' são pura surpresa. Uma sucessão de comediantes testando a eficácia de suas piadas brutas, sozinhos diante do perigo, liderados por um apresentador que anuncia os participantes ao público. Um desafio que foi imortalizado por séries como Crashing ou Dying on your feet.

Tradição enraizada no mundo da comédia que podemos ver em Madrid mesmo nestes tempos sombrios. Conhece a La Cueva, o emblemático Picnic, a Bromerie, a Comedia para Olvidar ou o Guetto Comedy Club? Estamos indo em breve.

barra de piquenique

Piquenique Bar: Vamos rir!

ANTES, UM POUCO DE HISTÓRIA LEGAL

Todo esse fenômeno foi consagrado na capital com o Madrid Comedy Club há duas décadas. “Fizemos os ‘opens’ como um fórum aberto para comédia e nunca anunciamos os comediantes. Realmente, como show de monólogos, de stand up, foi o primeiro”, lembra seu promotor, o humorista Jorge Segura.

O Madrid Comedy Club, que protagonizou noites loucas em vários antros de jogo, teve réplicas em outras cidades da Espanha. "Era uma loucura total onde tudo podia acontecer", continua Segura. "E estou orgulhoso do sucesso de tantos que começaram em 'abre', como Susi Caramelo, Luis Álvaro, Lalo Tenorio, Pablo Ibarburu ou Valeria Ros".

Outro marco foi o Laboratório de Comédia, segundo o roteirista e humorista Fernando Moraño, cofundador da produtora Monologamia. “Fizemos isso em um porão clandestino em Malasaña. Distribuímos bananas para as pessoas que jantavam nas praças e demos nosso endereço. Era um espaço para testar novos materiais todos os dias. Isso o tornou muito especial. Aí, os comediantes se reuniam, a gente fazia farra, a gente acordava junto e se ajudava nas brincadeiras”, comenta.

“Sim, é muito interessante que os colegas nos aconselhem sobre o texto e o ritmo”, concorda Bianca Kovacs, apresentadora do Las Noches del Club de la Comedia e habitual dos 'microfones abertos'. “É onde você mede a temperatura do público. Não adianta ensaiar em casa. Você tem que estar com as pessoas, acertar e errar.”

Se antes o pool de talentos era a antiga Paramount Comedy, hoje Comedy Central, agora os comediantes se esbanjam nos 'microfones abertos'. Como estes cinco ícones essenciais que propomos em Madrid.

Importante: nem todos estão lá, mas são todos eles. Desculpe-nos. E devido à pandemia, mais mudanças podem vir depois do expediente. Sem esquecer que a cena da comédia é sempre brilhante como uma jam session de jazz. Abrimos micro...

O CLUBE DE COMÉDIA DA CAVERNA

Bem-vindo à grande festa dos comediantes de Los Golfos (Eva Soriano, Diego Daño e Fran Pati) no Teatro de las Aguas em La Latina. Uma conjunção de cérebros bem-humorados que compartilham com Traveler.é uma novidade: Juntamente com o comediante Nacho García, eles estão criando o El Golfo Comedy Club no Bairro de las Letras, talvez nossa Adega de Comédia em particular.

Um novo feudo dedicou cem por cento à comédia, como explica Eva Soriano apaixonadamente: “Queríamos fazer algo assim! Não olhamos apenas para o negócio, mas para que todos os comediantes estejam à vontade. Haverá 'microfones abertos' de artistas iniciantes e profissionais. Cursos, gravações de podcasts, shows... Queremos cuidar da comédia!”.

O conhecido comediante nos recomenda os 'microfones abertos' porque “Você pode ver como as ideias crescem na mente de um comediante. Você vê o comediante nu, metaforicamente, é claro!” E frase: "A comédia é um organismo que se reinventa diariamente." E para a reinvenção: El Golfo Comedy Club. atencioso.

AQUELE TEMPLO CHAMADO PICNIC

O Picnic bar é para a comédia o que o Museu do Prado é para a arte. Sem exagerar. Inácio garante que em seu famoso porão “a poesia de Rimbaud e a piada sobre o cachorro Mistetas andam de mãos dadas”.

“No Picnic vimos duas gerações de comediantes. Acho que existe uma idade de ouro e ela vai durar. Porque rir sempre ajuda”, reflete seu proprietário, Adrián López.

E diz a lenda que tudo aconteceu neste inconfundível fórum de tijolos expostos. O mínimo é que Ignatius, apresentador emérito do 'open mic', chupou mamilos a granel. "Uma vez Ana Morgade fez um monólogo bestial, inviável em qualquer outro lugar", lembra López.

Humor ilimitado. Assim, o Piquenique ganhou um certo status de templo e foi O cenário para filmes como Miamor Perdido, séries como El fin de la comedia ou programas como Phi Beta Lambda.

Praticamente todos os nomes próprios da 'stand up comedy' nativa tiveram seu momento de glória aqui, dos cantores Joaquín Reyes ou Ernesto Sevilla a Venga Monjas, Pili de Francisco, Virginia Riezu, JJ Vaquero, Ana Polo, Carolina Noriega ou Javier Cansado.

"Sempre gostei muito de La Cueva e Picnic", confessa a televisão Santi Alverú. “Nós, comediantes, fazemos malabarismos e aqueles que têm mais dificuldade em subir ao palco encontram refúgio nos ‘abertos’”, salienta.

O MIC ABERTO DA BROMÉRIA

Perto de Callao, no Abonavida local, descobrimos La Bromerie, a ideia de entusiastas como Galder Varas, comediante e roteirista de La Resistencia.

“É legal ver novas pessoas tentando. Tem muita gente por aí que sabe fazer comédia. E é legal ver comediantes consagrados: a primeira vez que eles fazem um texto é a melhor porque essa energia é única”, diz Varas. Dito isso: La Bromerie Open Mic, um campus com muitas placas para que “os hahahas” (sic) nunca diminuam.

COMÉDIA PARA ESQUECER

"Para mim, 'aberto' é onde a comédia acontece", enfatiza Javi Durán , organizador da Comédia para esquecer em La Estación Malasaña.

“É a nossa academia para melhorar. E além da minha, vou a todas as outras. É um ótimo plano: é barato e você se diverte muito. E como são vários comediantes, cada semana é diferente”, argumenta.

“Você vê uma rocha que vai subir até o topo. É real como a própria vida, porque você corre riscos todos os dias. E ver alguém falhar miseravelmente é o mais honesto”, brinca totalmente sério.

Javi Durán celebra a ascensão da comédia, “a fuga filosófica de nossa sociedade”. “Somos como os profetas da Idade Média no meio de uma praça. Um comediante te dá opiniões que você não vê na TV."

ALÉM DA CAPITAL: O CLUBE DE COMÉDIA DO GUETO

O humor – sim, diremos: como o amor – está em toda parte. Também fora da capital. Em Las Rozas, a noroeste da Comunidade de Madrid, o Clube de Comédia do Gueto.

A discoteca Guetto, no parque empresarial de Európolis, acolhe este 'open mic' que vai em crescendo: “Temos um espaço brutal e os meios de um teatro importante”, destaca o apresentador, Mário Velasco.

"Além disso, muitos comediantes de La Chocita del Loro estão vindo para testar textos e estamos programando shows." "No primeiro 'open', depois do verão, tínhamos cerca de 80 pessoas na esplanada", conta o humorista, que incentiva a todos "a verem ao vivo a construção de um espetáculo num ambiente seguro". E muito engraçado.

Deixamos o microfone aberto. Mesmo nestes tempos difíceis surge a comédia. Aqui, perturbando Poncela, não há freio nem marcha à ré. O riso prevalece. O riso nos torna livres. O riso, marca genuína e terapêutica da Espanha, sempre ajuda.

Vivemos uma era de ouro do humor. Vamos aproveitar.

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