O Assault Festival de arte urbana começa em Saragoça

Anonim

O evento favorito dos amantes da arte urbana regressa a Saragoça: o Urban Art Assault Festival celebra a sua 16ª edição de 28 de outubro a 7 de novembro, neste caso no Arrabal, um bairro com carácter e legado, cujas paredes e espaços públicos se encherão de cores e mensagens.

Que particularidades esta edição tem em relação aos anos anteriores? "O próprio contexto lhes dá", diz Luis García, porta-voz da Projetos Culturais da Associação de Assalto, também composta por Sergio Beltrán, Alfredo Martínez e Isabel Tris.

“Este ano voltamos ao caso histórico, na margem esquerda do Ebro. El Arrabal é um bairro com muitas becos, esquinas... que nos obriga a gerar um trabalho mais contextual, levando ainda mais em conta o espaço. Não haverá grandes murais como em outras edições que foram feitas em áreas mais industriais, será um formato menor e mais cuidadoso, em uma escala mais humana”.

Assault Festival Zaragoza LETSORNOT

Letsornot (Julián Martínez), um dos convidados de Asalto.

O Assault Festival volta ao Arrabal após algumas edições "com o chip da descentralização da cultura", que levou-os a bairros mais periféricos. “Queríamos voltar ao centro histórico e nesta zona só intervimos com três murais”, explicam.

"Além disso, a ideia faz parte de um plano estratégico de médio prazo: queremos estender ao longo da margem esquerda do rio, chegando a outra zona da cidade um tanto esquecida. Mesmo atacando a margem do rio novamente como fizemos anos atrás.” Uma ótima maneira de revitalizar (e redescobrir) Saragoça de outro ponto de vista.

Nesta edição de 2021, a Asalto traz artistas como Berni Puig, Dani Hache, Ekossauro, Letsornot, Maite Rosende, Mina Hamada e Olga de Dios. “Na nossa linha de tirar os ilustradores da zona de conforto, convidamos Asis Percales, uma andaluza residente em Barcelona que trabalha com muitas marcas, vamos ter um mural dela, acho que será um dos mais atraentes”, comentam.

“Podemos ainda destacar a intervenção de Nélio, um dos artistas mais reconhecidos internacionalmente, que vai pintar o posto de saúde do bairro. Ele vem do grafite puro e duro e evoluiu para a abstração em tons ocre, terra… Ele tem uma sensibilidade brutal.”

VIZINHO À PROCURA DE ARTISTA

"As oficinas participativas também estão voltando, gerando ligações entre associações ou entidades de bairro com artistas que vêm visitar. Eles serão realizados com mais capacidade e por mais dias, vamos recolocar isso aos poucos”, diz Luis.

Precisamente, foi devido à pandemia que surgiu o projeto 15/15 Artista procura vizinho, primeiro no bairro de San José e que continua nesta edição. “Nosso processo usual de conectar o bairro com os criadores não era viável devido à situação global. Ocorreu também a circunstância de ser nosso 15º aniversário e ocorreu-nos ligar para quinze artistas internacionais de língua espanhola com quinze pessoas do bairro”, explica Luís.

A experiência muito especial foi realizada por videochamada e recebido com grande entusiasmo por todas as partes. A ideia? Os vizinhos contaram aos artistas suas experiências no bairro e, Como resultado das conversas, foram feitos trabalhos artísticos.

Berni Puig Assault Festival Saragoça

Obra do artista Berni Puig.

“Não se tratava de ilustrar o que os vizinhos contam, é simplesmente uma inspiração, o artista pode pegar um único elemento da história, uma ideia. E, embora proponham criações abstratas, a beleza é que os vizinhos identificam imediatamente o trabalho que se baseia na sua história”, destaca Luís sobre esta ideia, que este ano vai concretizar-se no bairro do Arrabal.

“Naquela época era preciso fazer virtualmente porque não tinha outro jeito, agora acreditamos que o projeto pode crescer. Este ano é feito com mais cuidado.”

O resultado da última edição – em forma de fotos, telas… – ainda pode ser visto exposto no bairro de San José (no muro externo da Associação Utrillo, na Avenida San Juan de la Peña, esquina com C/Mas de las Matas).

Dani Hache Zaragoza Festival Assalto

Obra de Dani Hache.

Esse discurso que vincula a expressão artística com a identidade e as experiências de um bairro resume perfeitamente o espírito do que é o Assault Festival, que desde a sua criação em 2005 tem testemunhado uma mudança de percepção do público em relação à arte urbana.

“Isso se normalizou, obviamente. Quando começamos, olhavam-nos com algum medo, pensando que faríamos graffiti puro e simples”, lembra Luís. “Então se viu que não é apenas uma forma de arrumar os espaços, mas também de contar histórias dos bairros. Pelo menos é assim que vemos em Saragoça, como algo coletivo e defensável”.

“Os próprios bairros mostram e eles geram aquele empoderamento de 'este espaço é meu e eu ajudo a criá-lo'. Por outro lado, essa coisa de arte urbana como tal é uma bolha e em algum momento ela vai estourar, preferimos falar sobre arte pública e contextual, isso é feito por e para um momento específico, não só para limpar fachadas”, sublinha Luis.

Aliás, o festival – que, pouco antes da pandemia, era o melhor avaliado em Aragão– atrai público de todas as nacionalidades. “Há visitantes de fora da Espanha que vêm de propósito, nos procuram, marcam o encontro em sua agenda. E notamos uma maior participação. Talvez o que torna o projeto único seja sua transparência total. As visitas não pretendem ser mais uma atração, mas sim uma parte importante do festival”.

E é que, para além das intervenções dos artistas, são programadas Atividades paralelas, encontros, Visitas guiadas, workshops para todas as idades, exposições...

"Que os visitantes vejam todo o processo, conversem com os artistas... É feito desta forma para que todos conheçam a intenção e a entidade das paredes que pintamos. Essa sensação de proximidade torna o Assault único. Somos uma família e os artistas percebem e refletem assim. É um projeto de cidade, feito com amor. Quem vier percebe e se apaixona de alguma forma, quer fazer parte disso”, comenta Luis.

Maitê Rosende.

Obra de Maite Rosende.

PARA OS AMANTES DA CULTURA… E FAMÍLIAS

Ao contrário do que se poderia pensar a priori, o público do Assault é majoritariamente familiar. "Achamos que é uma maneira muito interessante para as crianças entrarem na arte embora, em geral, tenhamos como alvo pessoas com sensibilidade à cultura", enfatiza Luis.

"A arte urbana costuma estar ligada a adolescentes e jovens, por causa da questão do graffiti, mas neste caso realmente não é. Nosso público vai de 20 anos para cima, estamos atentos e já estamos focados nisso”.

A recuperação de uma certa normalidade nas oficinas é uma das coisas mais emocionantes desta XVI edição do Assault. “É o ponto forte do festival. Iremos com algum cuidado, para ver como funciona e como as pessoas reagem. O que mais queremos é voltar àquele clássico fim de semana de festa de encerramento; se correr bem, será a aposta forte para o ano seguinte”.

Twee Muizen Festival Assalto Saragoça

Twee Muizen exibe no Story Center.

Para edições futuras, eles pretendem ocupar ainda mais espaços expositivos. “É uma linha que queremos continuar a trabalhar, se tudo correr bem, em 2022 vamos promovê-la mais. Queremos que muitas coisas aconteçam dentro e fora dos cinemas”, conta Luis à Condé Nast Traveler.

Este ano, o Centro Histórico de Saragoça hospedar a amostra Um universo de dois (de 24 de setembro a 16 de janeiro de 2022), em a evolução e desenvolvimento artístico do casal multidisciplinar galego Twee Muizen (Denis e Cris), em torno da identidade.

Olga de Dios Assault Festival Saragoça

Olga de Dios, Zaragoza Assault Festival.

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