O que uma uva como você está fazendo em um lugar como este?

Anonim

Uva

Com todos vocês, algumas das uvas mais particulares da nossa geografia

Vejamos, sim, a globalização também afeta o mundo do vinho e uvas que até há pouco tempo pareciam exóticas nas vinhas do país souberam adaptar-se e trabalhar, em alguns vinhos, muito, muito bem.

PI(Ñ) OT NOIR ANDALUZA, E OLÉ

Vale a pena a piscadela do sotaque Cañí para falar sobre uma das uvas mais apreciadas do mundo, que originalmente, se podemos colocar dessa forma, é Borgonha

Miles, o personagem interpretado por Paul Giamatti em Entre Copas, disse que amava essa uva porque “precisa de cuidados e atenção constantes” e que não poderia ser encontrado em nenhum lugar, mas "em cantos remotos muito específicos do mundo"

A paixão que esta pequena tinta desperta, para além do facto de "só os viticultores mais pacientes e cuidadosos" conseguirem extrair todo o seu potencial, levou alguns enólogos e não poucos enólogos a tente ter um romance de verdade com o pinot plantando-o em vários lugares.

Pinot Noir

Pinot noir, uma das uvas mais apreciadas do mundo

Mas um dos que eu mais gosto, por ousar e por ser diferente (e quem disser que esse não é o verdadeiro espírito do pinot, foda-se) é quem cultiva (e mima) bibi garcia em Ronda, em Cortijo Los Aguilares.

Bibi diz de seu pinot que é “como a rosa de O Pequeno Príncipe: sutil, elegante, que faz você se apaixonar, mas faz você sofrer”. Mas ela, muito punk, atreve-se a fazê-lo nesta quinta andaluza a 900 metros acima do nível do mar, apesar de "precisarmos de precisão japonesa para cuidar daquele jardim que é a nossa vinha Pinot Noir".

O que acontece quando você a mima e cuida dela? Bem, o que sai? um vinho selvagem e picante com uma explosão de frutos do bosque (amoras, framboesas, mirtilos), com frescura mineral e uma dessas texturas ricas, vivas e fluidas… Um pinot incomum e rebelde que é uma zasca para descrentes e talibãs dos "indígenas".

pinot

O pinot noir: "sutil, elegante, que faz você se apaixonar, mas que faz você sofrer", diz Bibi García

RIESLING TXAKOLINA

15 anos se passaram desde Garikoitz Rios e sua equipe ousaram fazer **um vinho branco na terra de txakoli. ** Um momento, Será que txakoli não é vinho branco? É, agora é mais aceito, mas quando decidiram pular as regras não escritas e fazer um txakoli mais compreensível para paladares “estrangeiros”, os fundamentalistas (os do fundamental, que os impede de entender a evolução na viticultura) acusaram de "não fazendo txakoli, mas vinho branco".

Tendo esses porta-vozes, quem precisa do RAE? O fato é que Rios, um cara cheio de ideias que parecem malucas mas têm seu ponto de sanidade, achava que aquelas matérias-primas tradicionais de txakoli ainda precisavam de um pouco de rock and roll para transformar um vinho leve, fresco e inconsequente em algo sério.

E assim ele fez. Riesling em Gernika, lá vai. O resultado é ** Itsasmendi 7 ,** um vinho com o nome do depósito onde é feito na época ia contra a corrente e hoje é quase um clássico, e que tem, por que não dizê-lo, parte de sua grandeza graças ao grande branco do Reno.

Porque o Riesling, basco, basco, não é. Mas neste branco funciona e se dá muito bem com o hondarrabi zuri local e o hondarrabi zuri zerratie. Fresco, encorpado, mineral, complexo, fino, com imponência e uma acidez que garante a sobrevivência (e melhoria) ao longo dos anos em garrafa.

Riesling

A Vinícola Itsasmendi está localizada no coração (Gernika) da Reserva da Biosfera Urdaibai

TORRONTES NO RIOJA

o nome soa como Argentina de uma variedade mais típica da Espanha central (Ribera del Duero, León) que antes era cultivado em A Rioja (agora sim, Espanha), quase extinta na região e com um nome semelhante, Turruntés, com o qual um intrépido viticultor, Abel Mendoza, começou a trabalhar há alguns anos e que, para dar mais ondulação, rotule suas garrafas como torrontés, apesar de ser uma sinonímia incomum para se referir a essa variedade.

O fato é que ele, e só ele, faz um torrontés com rótulo branco, apesar de o Conselho Regulador da Denominação de Origem Qualificada Rioja recomendar "não confundir" os turruntés (o riojan espanhol) com os torrontés argentinos (ou Galego, ou Português, que também está lá).

E Mendoza, pouco a pouco, e dos rebentos turruntés que um viticultor como ele lhe deu, foi recuperando vinhas, devagar e sem pressa, e descobrindo que sim, que seu Torrontés, se você ouvir, tinha uma mensagem.

Potencial, ele chama, um potencial de envelhecimento, diz ele, que "ainda estamos descobrindo", já que não são muitas as safras que ele vem trabalhando com ela e, no entanto, seu branco já é conhecido entre os amantes do vinho.

“Torrontés, não coma nem dê, é bom para o vinho”, Mendoza conta que seu avô recitou para ele. O Riojano vem se dando bem com isso, com seus grãos gordurosos, seu pH baixo (o que contribui para a alta acidez) e aprendendo que é preciso cuidar dele e, por que não, ousar um pouco.

** Mendoza está inventando um vinho dessa variedade em Rioja,** um branco único que mostra novos caminhos. E para nós, novos sabores. E isso é legal. Muito.

MURCIAN GARNACHA

Sim, a Garnacha é nossa, muito nossa, e é uma das tintas que mais se espalha sobre a pele de touro, mas aproximar-se do sudeste espanhol, apesar de ser uma variedade que se dá bem com o Mediterrâneo, não era tão claro… até * * José María Vicente mostrou que sim, o garnachismo atingiu essas latitudes.**

Uma casta tão autóctone não poderia funcionar mal se se souber tratá-la como ele, respeitando o seu longo ciclo e inspirando-se num famoso enclave de vinhos Grenache, no sul da França, com grandes vinhos Grenache como os de Châteuneuf du Pape.

Isso o fez decidir e procurar uma espécie de descanso plantando uvas que lhe permitiriam ter uma safra mais ampla na época que contando apenas com monastrell (uva autóctone de Jumilla, onde está localizada sua propriedade).

O resultado é magnífico e, porque não, raro, o molar, Feito apenas com Garnacha (o olho, a tinta, não confundir com Tintorera, muito mais estabelecida na área e tradicionalmente usada para dar cor...) e capaz de transmitir tão bem quanto em outras áreas (Gredos, Rioja, Aragão, Priorat) aquela paisagem, desta vez, mediterrânica: é maduro, alegre, com um ponto moderado de opulência, com frescura e muita fruta, saboroso... puro prazer.

granada

Murcian Garnacha é uma das tintas que mais se espalha sobre pele de touro

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