A rota dos Mil Kasbahs, das montanhas do Atlas ao deserto do Saara marroquino

Anonim

Pôr do sol sobre a cidade velha de Ait Ben Haddou, no norte de Marrocos.

Pôr do sol sobre a cidade velha de Ait Ben Haddou, ao norte de Marrocos.

À medida que deixamos para trás as montanhas nevadas do Atlas, a paisagem marroquina muda. Aqui, os encantos das terras africanas multiplicam-se entre palmeirais, desfiladeiros, desfiladeiros e vales coroados por kasbahs. O final do nosso percurso é a imagem mais fascinante da viagem: o céu estrelado do deserto.

ENTRE O GRANDE ATLAS E OUARZARZATE

Inúmeros edifícios de adobe dotados de grande valor histórico e cultural estão espalhados pelas cores ocres e avermelhadas do mais desconhecido Marrocos. Eles representam a arquitetura tradicional do sul do país sob o nome de kasbah. A maioria não tem mais de 100 anos, mas há alguns que podem até remontar ao século 18 para contar histórias das famílias poderosas que os habitavam.

Após a passagem natural de Tizi n'Kitcha pelas montanhas do Atlas, chegamos a Telouet, o primeiro contato que teremos com os kasbahs. A aparência dilapidada de sua fachada não nos impede de descobrir um interior ornamentado. A luxuosa decoração das paredes revela que esta kasbah, cujas partes mais antigas datam de o século XVIII, Era o palácio berbere da família El Glaoui. No piso superior podemos captar belas vistas da região.

Palácio Kasbah do Glaoui em Telouet.

Palácio Kasbah do Glaoui, em Telouet.

A uma hora de distância, o rio Ounila recebe o Ksar Ait Ben Haddou, um dos melhores exemplos arquitetônicos da região. Esta vila amuralhada, com várias torres de vigia e entradas monumentais, Serviu nos tempos antigos como uma escala para caravanas do Sudão.

Palmeiras circundam os edifícios de adobe, que se erguem como se fosse uma fortificação esculpida na natureza. Dezenas de lojinhas enchem suas ruas de cor com comerciantes dispostos a pechinchar produtos nos quais nem demonstramos interesse. Subimos ao ponto mais alto que nos premia com imagens de vales e montanhas representativas da região.

Ait Ben Haddou é um dos lugares mais turísticos de Marrocos. Sua fama foi propiciada pelos inúmeros filmes e séries, como Game of Thrones, que foram filmados aqui, e sua inscrição na UNESCO como Patrimônio da Humanidade em 1987. A melhor época para visitá-lo é com as luzes que se projetam em suas pedras no início do dia ou no final da tarde, quando os ônibus turísticos estão fora.

Pequenas lojas nas vielas do Ksar Ait Ben Haddou Marrocos.

Pequenas lojas nas vielas do Ksar Ait Ben Haddou, Marrocos.

CENÁRIOS DE FILME

Em direção a Ouarzarzate, a maior cidade às portas do deserto, as paisagens continuam a nos mergulhar em cenários de filmes: Star Wars, Lawrence da Arábia, Gladiador... Chegamos ao decadente Atlas Studios, que acaba de deixar um registro de a importância do cinema para a região.

No sopé das montanhas do Atlas, onde os rios Draa e Dades se unem para se abraçarem em uma barragem, surge outra cidade moldada em lama e barro: Ouarzarzate.

O bem preservado kasbah de Taourirt é a visita mais interessante em Ouarzarzate. Foi construído no século XVIII, também pelos Glaoui, como localização estratégica para a rota do ouro entre Marrakech e Timbuktu. A sua luxuosa decoração interior, em madeira e tectos policromados, contrasta com o exterior simples em adobe. Entre as grades características de suas janelas você pode ver belas vistas da silhueta da cidade com a grande represa ao fundo. As salas Taourirt são labirínticas, então se perder entre elas será outra parte da visita.

Kasbah labiríntico de Taourirt em Ouarzarzate.

Kasbah labiríntico de Taourirt, em Ouarzarzate.

ENTRE A NATUREZA MAIS ESMAGADORA

Para continuar nossa jornada e mergulhar no kasbash mais autêntico, devemos percorrer as estradas do Vale das Rosas e Vale de Dades, na direção de Tinghir –se tomarmos a rota nacional 10– ou pela estrada do Vale do Draa, se formos pela rota nacional 9.

As montanhas escarpadas de picos nevados cercam a estrada que nos acompanha do outro lado da janela. Sua cor é mutável. Entre monte e monte, alguns assentamentos nômades nos fazem explorar outro modo de vida.

Continuamos o itinerário parando em mirantes para observar desfiladeiros, desfiladeiros, montanhas, vales e todos aqueles acidentes geográficos que a natureza traçou enchendo de encanto a região. Entre eles, dois desfiladeiros tornam o panorama ainda mais fascinante, se possível. A Garganta do Dades, com a sua estrada sinuosa fotogénica onde se erguem várias kasbahs abandonadas, e a Garganta do Todra, através da qual podemos seguir os vestígios da vida local entre desfiladeiros a 300 metros de altura.

O desfiladeiro de Dadès é um desfiladeiro que fica entre as montanhas do Atlas e a cordilheira do Anti-Atlas.

O desfiladeiro de Dadès é um desfiladeiro que fica entre as montanhas do Atlas e a cordilheira do Anti-Atlas.

Outra paisagem que nos deixa encantados é a dos infinitos palmeirais. Milhares de palmeiras se sucedem durante nossa jornada como esplêndidos oásis que nos guiam em direção ao deserto. O de Skoura, ao longo da rota 10 ou o de Agdz com seu kasbah ao fundo, ao longo da rota 9, são perfeitos para pressionar o botão da câmera repetidamente.

O caminho contínuo de contrastes entre as acácias espinhosas também nos pára em cidades como Nkob ou Tazzarine, onde vamos capturar a essência nativa. Passaremos por aldeias árabes e berberes, como Toirog, localizadas entre tamareiras. As paragens serão bons momentos para provar um chá de menta acompanhado de tâmaras, produto estrela destes vales.

Kasbah antigo de Amerhidil em Skoura.

Antiga kasbah de Amerhidil, em Skoura.

ROTA 10: O VALE DAS ROSAS E O VALE DO DADES

Ao longo desta estrada repleta de kasbahs, percorreremos vales impressionantes e os desfiladeiros mais famosos de Marrocos, Dades e Todra, fazendo parte do espetáculo da natureza.

Antes de chegar ao Vale das Rosas, o imenso palmeiral de Skoura nos faz parar e descobrir um dos kasbahs mais importantes da rota. O Kasbah Amridil, convertido em um museu completo, apareceu nas notas de 50 dirhams. Do lado de fora, mais de 700.000 tamareiras o cercam.

O Vale das Rosas Desdobra sua imagem mais bonita na época de sua floração, entre os meses de abril e maio. Nas proximidades, cidades como Kelaat M'Gouna vivem dos produtos que fazem das rosas.

Aproximando-se dos desfiladeiros do Todra, a janela do carro nos aproxima de dezenas de kasbahs de origem judaica.

O último kasbah do nosso passeio pela rota 10 é El Khorbat, um dos mais bem preservados. A sua visita é ideal para conhecer a vida que havia no interior destas construções. Por outro lado, do lado de fora, as ruelas sinuosas nos mostram o dia a dia nas sombras de seus recantos e recantos.

Ksar El Khorbat na região de Tinejdad.

Ksar El Khorbat, na região de Tinejdad (Marrocos).

ROTA 9: NO VALE DO DRAA

A Estrada Nacional 9, que passa perto do Vale do Draa, é considerada uma das mais espetaculares do Marrocos. Os primeiros kasbahs que veremos durante esta rota são os de Agdz, escondidos entre o pomar de palmeiras.

Mais adiante, a cidade de Tamnougalt abriga numerosas dessas construções conectadas por corredores interiores. Entre eles destaca-se o Kasbah des Caids. No interior, os corredores vazios se cruzam, nos perdendo mais uma vez. As ruelas que a rodeiam fundem a vida do passado com a do presente. A partir daqui, as vistas áridas da cidade, com as montanhas castanhas do Atlas ao fundo, deixam-nos com uma imagem de horizontes solitários onde o nada é tudo.

Em seguida exploramos o pouco conhecido Kasbah de Timiderte, em aparente abandono. Nos encontramos andando por ruas empoeiradas e vazias com o único propósito de buscar alguma inspiração para escrever estas linhas. Pouco mais encontramos, então voltamos aos caminhos surpreendentes para deixar nossas mentes continuarem a se dissipar entre os palmeirais em direção ao deserto.

Palmeiras de Agdz no Vale do Draa.

Palmeiras de Agdz, no Vale do Draa.

E FINALMENTE, O DESERTO!

Afastamo-nos dos kasbahs para conquistar outra das maravilhas de Marrocos: o seu deserto. Que melhor maneira de terminar esta jornada mágica do que dormindo uma tenda sob o céu estrelado ?

As dunas douradas do Saara marroquino compõem uma paisagem onírica na qual, apesar de nos tocarmos e até nos jogarmos nela, tudo parece irreal. Entre aquele mar de areia, camelos nos levam para o acampamento misturando-se com o ambiente.

Chegamos ao Caravanserai Luxury Desert Camp, onde a elegância e o conforto nos acolhem para nos mostrar que dormir no deserto não é contrário ao conforto: camas king size, banheiro privativo com água quente e até conexão Wi-Fi.

Recebem-nos com o tradicional chá com que saboreamos o pôr do sol mais especial da viagem. Aquele de laranjas intensos que está sombreando as dunas e apagando, pouco a pouco, a luz do deserto para dar lugar à escuridão e ao silêncio. Depois de um farto jantar na tenda-restaurante do acampamento, a música dos berberes ao lado de uma fogueira põe a trilha sonora em nada sob o mais belo céu estrelado.

A viagem termina dormindo sob as estrelas do deserto no Caravanserai Luxury Desert Camp.

A viagem termina dormindo sob as estrelas do deserto no Caravanserai Luxury Desert Camp.

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