Bretanha: as praias mais românticas e amantes do cinema do ano

Anonim

Retrato de uma mulher em chamas

A Costa Selvagem Francesa.

"Em uma ilha isolada da Bretanha, no final do século 18, um pintor é forçado a pintar um retrato de casamento para uma jovem." Essa é a sinopse de Retrato de uma mulher em chamas, de Céline Sciamma (inauguração em 18 de outubro). A ilha isolada da Bretanha é tão protagonista quanto seus dois protagonistas: o jovem retratista e a jovem retratada.

Marianne chega às praias desta ilha arrastando seus materiais de pintura. Ali, isolado, encontra o castelo onde mora Héloïse, com sua mãe e seu criado. Marianne foi contratada pela Condessa, a mãe, para retratar secretamente sua filha. Eles precisam que a pintura seja enviada para seu noivo em Milão, com quem ela é forçada a se casar após a morte repentina de sua irmã. Héloïse resiste ao casamento recusando-se a ser pintada. Marianne começa a observá-la secretamente, a tirar as medidas de seu rosto e corpo sem palavras, sem lápis, no ar. Então, pinte essas memórias à noite. Quando Héloïse descobre o truque e o retrato, ela não se sente na tela, mas agora aceita o olhar de Marianne, um olhar cúmplice e colaborativo. Um olhar apaixonado e romântico.

Retrato de uma mulher em chamas

Héloïse e Marianne: outro olhar.

“Retrato de uma mulher em chamas é o retrato de um relacionamento”, Diz Sciamma, uma diretora francesa cult após sua “trilogia de autodescoberta”: Nenúfares, Tomboy S infância. Neste, seu quarto filme, se dedica a descobrir o outro, a identidade sexual do outro, o amor adulto, "um amor igualitário, horizontal", onde ninguém está acima. Não há musa ou artista.

Com uma pincelada, ele mata os estereótipos da arte patriarcal e também lembra aos historiadores da arte que no século XVIII havia muitas mulheres artistas. Ela olha para suas atrizes de forma diferente e elas olham para ela de forma diferente. É também um pouco de uma história autobiográfica, já que Héloïse é interpretada por sua parceira, a atriz Adele Haenel.

Retrato de uma mulher em chamas

Penhascos protegidos na Bretanha francesa.

Tal premissa, tal história necessária um espaço visualmente deslumbrante. Uma luz natural especial. Até agora, embora tenha filmado histórias de banlieue francesas, quase sempre trabalhou em estúdios, para Retrato de uma mulher em chamas queria a natureza, o romance entre essas duas mulheres pedia, exigia. E ficou claro para ele: a ilha isolada da Bretanha tinha que estar localizada na Bretanha.

Especificamente, ele encontrou seu canto perfeito em Saint-Pierre-Quiberon, na chamada Costa Selvagem da Bretanha Francesa. "Um espaço aberto ao público, mas reservado e protegido, onde não se pode construir", explica Sciamma, que ganhou o prêmio de melhor roteiro e a Queer Palme d'Or no último Festival de Cannes. "É uma bela costa." Muito popular no verão, um destino perfeito no outono.

Retrato de uma mulher em chamas

Porto Bara em Saint-Pierre-Quiberon.

Falésias escarpadas, construções rochosas arbitrárias, mar revolto, areia amarela e luz de outono. Héloïse e Marianne passeiam por esses lugares. Uma paisagem nostálgica, vivida. Um lugar para vivenciar e recordar sempre, como o romance que vivem e Sciamma conta com essas duas camadas, a do presente e a da memória.

"Passamos muito tempo pensando na luz e tentando alcançá-la", explica Sciamma. “Com minha diretora de fotografia, Claire Mathon, pensamos muito, não queríamos extrair referências de pinturas da época, embora sabíamos que as pessoas diriam que todas as fotos são como pinturas. É claro que cinema e pintura estão intimamente relacionados e ambos trabalham com o quadro. Mas queríamos que fosse apenas bonito.”

Retrato de uma mulher em chamas

No outono, esta costa é tão solitária.

O castelo também é um local real, embora neste caso tenha sido encontrado em uma cidade nos arredores de Paris. "É a Câmara Municipal, um verdadeiro castelo, em que não tivemos que tocar em nada, nem nas cores das paredes, aquele azul, era o que queríamos e deixamos assim", continua o diretor. “O paradoxo de compor a partir da realidade”.

Como o paradoxo de que Retrato de uma mulher em chamas fala do presente, olhando para o passado. Sciamma teve que contar uma história no século 18 para conseguir um instantâneo do mundo pós-Me Too. “O filme é produto de tudo isso que vivemos e fico feliz que ele possa ser contemporâneo desse movimento feminista para que uma nova arte possa surgir”, diz. Da Costa Selvagem da Bretanha para o mundo.

Retrato de uma mulher em chamas

Costa selvagem e nostálgica.

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